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Para o BC, demanda atual trará mais inflação
Investimento não tem acompanhado o consumo; taxa maior deve vir em 2008
Setor de serviços preocupa o BC, pois é uma área que não reage à importação; com isso, permite aumento de preços com mais facilidade
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mantido o ritmo atual de aumento da procura por bens e
serviços por parte da população, o país terá de conviver com
um pouco mais de inflação em
2008. Isso apesar de os investimentos para aumentar o parque produtivo também estarem crescendo. A avaliação é
dos diretores do BC, que revisaram de 4,1% para 4,2% a projeção do IPCA para 2008 -o índice é referência para o regime
de metas de inflação.
A preocupação do BC é com o
descompasso entre a alta da demanda e a maturação dos investimentos, o que faz com que
as empresas usem quase todo o
material e equipamentos disponíveis para produzir.
"A utilização da capacidade
instalada vem crescendo apesar dos investimentos", destaca
Mário Mesquita, diretor de Política Econômica do BC. "No
passado, esses níveis de utilização coincidiram com a aceleração da inflação", completa.
No relatório trimestral de inflação divulgado nesta semana,
o BC deixa claro o temor de
pressão sobre os preços ao alertar que o investimento feito até
agora pelos empresários "tem
contribuído para retardar a elevação das taxas de utilização da
capacidade, mas tem sido insuficiente para evitar que estas se
mantenham em níveis historicamente elevados".
Além disso, os diretores do
BC chamam a atenção para a
importância do setor de serviços na estabilidade dos preços.
Isso porque é uma área em que
é difícil medir exatamente o nível de uso da capacidade instalada e, também, não reage à importação, permitindo mais facilmente o aumento de preços.
Segundo Mesquita, ao contrário de outros segmentos como alimentação, em que os
preços oscilam mais, no setor
de serviços os movimentos de
alta costumam ser mais persistentes e também demoram
mais para reagir diante da alta
dos juros para conter a inflação.
Essa avaliação, porém, não é
consenso dentro da equipe econômica. Técnicos da Fazenda
defendem que o risco de descompasso entre investimentos
e aumento da demanda é pequeno. Isso porque o que puxa
hoje a taxa de investimento é o
setor de bens de capital que, rapidamente, eleva a capacidade
produtiva. Com isso, eles acreditam que o nível atual de uso
da capacidade instalada deverá
cair em 2008, afastando as
pressões inflacionárias.
Além disso, alegam que, como está no final da cadeia produtiva, o setor de serviços não
contamina os preços ao longo
do processo produtivo e a repercussão na inflação é menor.
Por isso, dizem que a alta da inflação será facilmente revertida
a partir de meados de 2008, já
que foi puxada pelo aumento
no preço dos alimentos.
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