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Dólar cai a R$ 1,83, menor valor em 7 anos
Volta dos estrangeiros para a Bolsa de SP colabora para desvalorização da moeda; no ano, queda acumulada é de 14,18%
No auge da turbulência dos mercados, em agosto, dólar
chegou a R$ 2,09; investidor embolsa lucros após recorde e Bovespa tem recuo de 0,9%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o Banco Central ausente do mercado, o dólar não encontrou resistências e desceu
ao mais baixo valor diante do
real em sete anos. A queda de
0,54% de ontem levou a moeda
a R$ 1,834, menor cotação desde 13 de setembro de 2000.
As turbulências que começaram a sacudir o mercado global
na última semana de julho haviam se tornado uma nova fonte de pressão sobre o câmbio.
Tanto que a moeda voltou a ser
negociada acima dos R$ 2 em
agosto -atingiu R$ 2,094 no fechamento em 16 de agosto.
Mas, com o arrefecimento da
crise internacional e a entrada
pesada de dólares na Bolsa de
Valores de São Paulo, a cotação
do dólar voltou a derreter. Na
semana, a moeda caiu 1,93%; no
ano, o recuo é de 14,18%.
"Se o BC não voltar a atuar,
não há fundo para o dólar. O
mercado esperava que, com a
cotação perto de R$ 1,85, o BC
reaparecesse com seus leilões,
mas isso ainda não ocorreu",
diz João Medeiros, diretor da
corretora de câmbio Pionner.
Quando a cotação atingiu as
máximas recentes, em agosto, o
BC deixou de atuar no mercado
com a realização de leilões para
comprar dólar.
A pesada entrada de capital
externo na Bovespa nas últimas semanas colaborou para a
alta do real. No dia 25, o saldo
mensal das operações de compra e venda dos estrangeiros
estava positivo em R$ 2,63 bilhões -melhor resultado desde
fevereiro de 2005.
Ontem, a Bovespa caiu
0,96%. O movimento era esperado por analistas financeiros,
pois a Bolsa subiu rápida e consistentemente nos últimos pregões -o que estimula vendas de
ações para que os investidores
embolsem lucros acumulados.
Na semana, o índice Ibovespa avançou 4,61%, levando os
ganhos acumulados em setembro a 10,67% (leia ao lado).
Ontem, também houve queda em Nova York: o índice Dow
Jones recuou 0,12%, e a Bolsa
eletrônica Nasdaq caiu 0,30%.
O Ibovespa encerrou ontem
aos 60.465 pontos, após cravar
na quinta sua máxima histórica, de 61.052 pontos. Nesta semana, a Bolsa bateu quatro recordes. A pontuação oscila com
os preços das ações.
Analistas avaliam que o cenário para a Bolsa segue positivo.
E, se o país atingir o "grau de investimento" -nota concedida
por agências internacionais de
risco-, o fluxo de recursos externos para o mercado acionário deve se intensificar mais.
"A recuperação da Bolsa foi
muito rápida e deve continuar
assim, rumo aos 65 mil pontos", diz Alex Agostini, economista da consultoria Austin Rating. "Para 2008, trabalhamos
com um nível em torno de 75
mil pontos. E, se for concedido
o "grau de investimento", tem
tudo para ir além desse nível."
O "grau de investimento" é
dado a países que representam
poucos riscos de darem calote
em suas dívidas. Quem obtém a
classificação costuma atrair volumes mais fortes de recursos.
Fim da crise
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o
efeito da crise no mercado de financiamento imobiliário de alto risco dos EUA "praticamente cessou" e que as turbulências
serviram para mostrar que o
Brasil tem economia sólida.
"O investimento é até capaz
de aumentar no Brasil a partir
dessa turbulência."
Com a Reuters
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