São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Dólar cai a R$ 1,83, menor valor em 7 anos

Volta dos estrangeiros para a Bolsa de SP colabora para desvalorização da moeda; no ano, queda acumulada é de 14,18%

No auge da turbulência dos mercados, em agosto, dólar chegou a R$ 2,09; investidor embolsa lucros após recorde e Bovespa tem recuo de 0,9%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o Banco Central ausente do mercado, o dólar não encontrou resistências e desceu ao mais baixo valor diante do real em sete anos. A queda de 0,54% de ontem levou a moeda a R$ 1,834, menor cotação desde 13 de setembro de 2000.
As turbulências que começaram a sacudir o mercado global na última semana de julho haviam se tornado uma nova fonte de pressão sobre o câmbio. Tanto que a moeda voltou a ser negociada acima dos R$ 2 em agosto -atingiu R$ 2,094 no fechamento em 16 de agosto.
Mas, com o arrefecimento da crise internacional e a entrada pesada de dólares na Bolsa de Valores de São Paulo, a cotação do dólar voltou a derreter. Na semana, a moeda caiu 1,93%; no ano, o recuo é de 14,18%.
"Se o BC não voltar a atuar, não há fundo para o dólar. O mercado esperava que, com a cotação perto de R$ 1,85, o BC reaparecesse com seus leilões, mas isso ainda não ocorreu", diz João Medeiros, diretor da corretora de câmbio Pionner.
Quando a cotação atingiu as máximas recentes, em agosto, o BC deixou de atuar no mercado com a realização de leilões para comprar dólar.
A pesada entrada de capital externo na Bovespa nas últimas semanas colaborou para a alta do real. No dia 25, o saldo mensal das operações de compra e venda dos estrangeiros estava positivo em R$ 2,63 bilhões -melhor resultado desde fevereiro de 2005.
Ontem, a Bovespa caiu 0,96%. O movimento era esperado por analistas financeiros, pois a Bolsa subiu rápida e consistentemente nos últimos pregões -o que estimula vendas de ações para que os investidores embolsem lucros acumulados.
Na semana, o índice Ibovespa avançou 4,61%, levando os ganhos acumulados em setembro a 10,67% (leia ao lado).
Ontem, também houve queda em Nova York: o índice Dow Jones recuou 0,12%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq caiu 0,30%.
O Ibovespa encerrou ontem aos 60.465 pontos, após cravar na quinta sua máxima histórica, de 61.052 pontos. Nesta semana, a Bolsa bateu quatro recordes. A pontuação oscila com os preços das ações.
Analistas avaliam que o cenário para a Bolsa segue positivo. E, se o país atingir o "grau de investimento" -nota concedida por agências internacionais de risco-, o fluxo de recursos externos para o mercado acionário deve se intensificar mais.
"A recuperação da Bolsa foi muito rápida e deve continuar assim, rumo aos 65 mil pontos", diz Alex Agostini, economista da consultoria Austin Rating. "Para 2008, trabalhamos com um nível em torno de 75 mil pontos. E, se for concedido o "grau de investimento", tem tudo para ir além desse nível."
O "grau de investimento" é dado a países que representam poucos riscos de darem calote em suas dívidas. Quem obtém a classificação costuma atrair volumes mais fortes de recursos.

Fim da crise
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o efeito da crise no mercado de financiamento imobiliário de alto risco dos EUA "praticamente cessou" e que as turbulências serviram para mostrar que o Brasil tem economia sólida.
"O investimento é até capaz de aumentar no Brasil a partir dessa turbulência."


Com a Reuters

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