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análise
Pacote de socorro é mal necessário
DO "FINANCIAL TIMES"
O esquema talvez não funcione, mas é preciso lhe dar
uma chance. A boa notícia é
que, depois de muitas ameaças mútuas de abandonar as
negociações, surgiu acordo
quanto aos termos gerais de
um plano de resgate para o
problemático sistema financeiro dos Estados Unidos. A
má notícia continua a ser que
um resgate como esse seja
necessário. Não poderia ser
mais evidente que há grandes lições a aprender desse
estado de calamidade.
É fácil simpatizar com os
republicanos, que se opõem
a um resgate por princípio, e
com os democratas, que objetam a que tratamento generoso seja concedido àqueles cuja temeridade e cobiça
criaram a confusão que reina
no mercado financeiro. Mas
uma congestão do sistema de
crédito parece ter se tornado
possível, e esse não é um perigo que se queira correr.
O plano é imperfeito, mas
é o único disponível. Número suficiente de congressistas, em ambos os partidos,
parece ter reconhecido essa
sombria realidade. O Congresso não deu a Henry Paulson, o secretário do Tesouro
dos Estados Unidos, o cheque em branco de US$ 700
bilhões, mas Paulson obteve
a maior parte do que queria.
De acordo com os contornos do plano, haverá mais
fiscalização sobre o governo
do que Paulson desejava. O
projeto de lei também requer
que o governo aproveite sua
posição como proprietário
de títulos problemáticos lastreados por hipotecas para
retardar o ritmo de execução
de hipotecas. O governo ainda poderá assumir participações acionárias nas empresas que desejam assistência.
Além disso, a idéia de oferecer um seguro contra prejuízos de títulos "tóxicos" lastreados por hipotecas, defendida pelos republicanos do
Congresso, consta do pacote.
Portanto, o que temos é
uma mistura, o que seria inevitável quando um projeto de
lei impopular tem de ser
montado apressadamente e
tão perto de uma eleição.
Mas será que o pânico que
afligia os mercados na semana passada será atenuado pelo pacote? A única resposta
possível é: ninguém sabe,
mas é possível que sim, dadas
as quantias em oferta.
Seria certamente mais barato e efetivo que o governo
seguisse o exemplo oferecido
por Warren Buffett em seu
acordo com o Goldman
Sachs. A aquisição de ações
preferenciais, em termos semelhantes, recapitalizaria os
bancos de maneira mais efetiva do que o desejo de Paulson de adquirir ativos maculados a preços acima do mercado. Também seria mais intrusivo.
Não se enganem: o fato de
que um plano como esse seja
necessário representa um
desastre. Mas não oferecer
nenhuma forma de resgate
acarretaria o risco de desastre ainda maior. O plano em
questão nem mesmo é o melhor, mas não existe outro.
Deve ser tentado e modificado de acordo com as necessidades. Mas a regulamentação do setor também precisa
ser reformada de cima abaixo. Fazer menos seria o
maior escândalo de todos.
Tradução de PAULO MIGLACCI
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