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Fisco 'relança' ação contra empresas
Receita anuncia análise minuciosa de mais de 100 grandes empresas que estão pagando menos R$ 35,7 bi em impostos que em 2008
Órgão suspeita de uso abusivo de compensação tributária; fiscalização havia começado no início do ano, na gestão de Lina Vieira
EDUARDO RODRIGUES
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após 11 meses seguidos de
queda na arrecadação, a Receita Federal anunciou ontem que
fará análise minuciosa das contas das grandes empresas que
reduziram pagamentos de tributos em 2009.
O objetivo da operação, batizada de Ouro de Tolo, é detectar
supostas fraudes e mecanismos
ilegais que possibilitaram a um
pequeno grupo de companhias
deixar de recolher bilhões de
reais em tributos neste ano.
Segundo o secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, as empresas investigadas pagaram
menos R$ 35,7 bilhões em tributos neste ano na comparação
com o mesmo período de 2008.
Contudo, o que Cartaxo divulgou como novidade é só uma
nova "embalagem" para um
trabalho iniciado no começo do
ano pela equipe de sua antecessora, Lina Maria Vieira.
A Receita informou ontem
que vai fiscalizar as cem empresas que tiveram a maior queda
no pagamento de PIS e Cofins
entre janeiro e setembro de
2009 na comparação com o
mesmo período do ano passado. O grupo representa 85,35%
do total da redução da arrecadação desses tributos, com R$
11,825 bilhões de queda.
A suspeita do fisco é em relação às compensações de créditos tributários dessas companhias, que aumentaram 71,11%
no período, para R$ 9,438 bilhões. Diante da retração do
crédito e com queda no faturamento, as empresas podem ter
se valido de mecanismos duvidosos para segurar o dinheiro
em caixa e ter capital de giro.
Já nos primeiros meses do
ano, a área de fiscalização havia
detectado grande queda na arrecadação por conta de manobras fiscais e uso incomum de
créditos tributários. Entre as
empresas, estava a Petrobras.
Em maio, a ex-secretária reuniu os superintendentes de São
Paulo, Rio, Minas e Rio Grande
do Sul para sistematizar a ação
nesses Estados, que concentram as maiores empresas do
país. Participou também do encontro, realizado na capital
paulista, o então subsecretário
de Fiscalização, Henrique Jorge Freitas. Segundo a Folha
apurou, quando Freitas deixou
o cargo, no fim de agosto, já haviam sido selecionadas 50
grandes empresas que usaram
bilhões de reais em créditos tributários e teriam suas contas
verificadas com lupa.
Freitas foi exonerado na esteira da demissão de Lina, em
meados de julho. Uma das razões para o afastamento da ex-secretária foi o incômodo no
Palácio do Planalto provocado
pelo cerco a grandes empresas
promovido por Lina, segundo a
Folha apurou. Já na versão do
governo, ela foi defenestrada
por deficiências na fiscalização,
que agora estariam sendo corrigidas na nova administração.
Segundo Cartaxo, o objetivo
da operação é verificar se essas
compensações de tributos são
legais. Para ele, o problema é o
aumento da prática de planejamento tributário baseado em
teses com frágil consistência
jurídica.
Para Cartaxo, além do impacto direto da arrecadação, o
expediente também é responsável pelo aumento das disputas jurídicas.
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