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Carteira assinada dá salário 20% maior
DA REPORTAGEM LOCAL
Ter carteira assinada no Brasil é
garantia de salário mais alto. Em
média, os trabalhadores contratados segundo as normas da CLT
ganham 20% mais do que os empregados sem carteira assinada
ou que trabalham por conta própria. Hoje, cerca de 22 milhões de
trabalhadores brasileiros têm registro em carteira - apenas quatro em cada dez empregados são
protegidos pela legislação.
De acordo com o último Boletim Mercado de Trabalho do Ipea
(Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), publicado em junho deste ano, enquanto um trabalhador com registro em carteira
ganha em média R$ 707, os trabalhadores sem registro e os que trabalham por conta própria têm
rendimentos médios de R$ 594 e
R$ 582. O boletim utiliza dados
sobre rendimentos dos trabalhadores de junho de 2000.
Os rendimentos dos trabalhadores formais só perdem para os
do setor informal em duas das seis
regiões metropolitanas em que a
pesquisa mensal de emprego (do
IBGE, utilizada pelo Ipea em seu
boletim) é feita. Em Porto Alegre
(RS), os salários dos trabalhadores registrados são 7,6% menores
do que os que trabalham sem carteira assinada. Em Belo Horizonte
(MG) essa diferença é de 1,1%.
Já em São Paulo, um trabalhador com contrato regido pela CLT
ganha 37,8% a mais do que um
sem carteira assinada e 18,4% a
mais do que os trabalhadores por
conta própria. No Rio de Janeiro,
quem trabalha no setor formal ganha, no mínimo, 8% a mais do
que os demais trabalhadores.
As alterações na CLT, caso
aprovadas pelo Congresso, devem afetar a vida desses 22 milhões de trabalhadores que hoje
conseguem rendimentos maiores
do que os 35 milhões de empregados do mercado informal - são
17 milhões sem carteira assinada e
outros 17,9 milhões que trabalham por conta própria. A estimativa é do Departamento de Estudos Socioeconômicos da CUT.
Mesmo para esses 35 milhões de
excluídos da legislação, a mudança da CLT deve ter impactos, já
que potencialmente eles concorrem pelas mesmas vagas de emprego dos trabalhadores formais.
Os dados das pesquisas mensais
de emprego do IBGE mostram
que, em épocas de crise, a maioria
das vagas criadas estão no setor
informal. Quando as perspectivas
econômicas e a confiança dos empresários melhoram, a tendência
é o aumento da criação de vagas
com carteira assinada.
O total de empregados no Brasil
é de 62 milhões de trabalhadores.
Além dos 35 milhões no mercado
informal e dos 22 milhões protegidos pela CLT, outros 5 milhões
são funcionários públicos (os estatutários e os militares), que têm
legislação trabalhista específica.
(CLAUDIA ROLLI E MARCELO BILLI)
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