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PF prende empresário suspeito de matar auditor da Receita do Paraná
Sete pessoas foram presas em SP sob acusação de envolvimento no crime
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu
ontem o empresário Marcos
Gottlieb, dono da Gemini, uma
das maiores importadoras de
brinquedos do país, sob acusação de ter mandado matar o auditor da Receita Federal José
Antônio Sevilha de Souza,45,
em setembro do ano passado.
Outras sete pessoas suspeitas de terem participado do assassinato -entre elas um investigador da Polícia Civil de
São Paulo- foram presas durante a operação "Davi", em
alusão à história que narra a luta contra o gigante Golias.
Chefe da seção de Controle
Aduaneiro da Receita Federal
em Maringá, o auditor era conhecido por seu trabalho em
combater fraudes em importações. Investigou, por meses, as
operações da Gemini, importadora de brinquedos com matriz
em Maringá (PR) e filiais em
Barueri (SP). Ele foi assassinado com vários tiros no tórax,
pescoço, baço e mão, após sair
da casa da mãe, em Maringá.
Segundo a PF, o policial Jorge Luis Talarico, seu sobrinho
Fernando Ranea e Luiz Carlos
S.F. (que era segurança em uma
empresa do investigador) foram presos por suspeita de serem executores do crime.
Moacyr Macedo Maurício, advogado do empresário, foi preso por intermediar a contratação. A mulher de Gottlieb, Márcia R.M. de Almeida, e Regiane
Silva Stolarick, funcionária, foram presas por "contribuir" no
crime, segundo a PF.
A Folha procurou advogados
e representantes dos suspeitos
e não os localizou até o fechamento desta edição.
"Após um ano e dois meses
de investigação, reunimos provas e depoimentos que mostram o envolvimento dessas
pessoas em uma quadrilha, responsável pela morte do auditor
fiscal", disse Jaber Saadi, superintendente da PF no Paraná.
A Gemini importava brinquedos eletrônicos para várias
redes de varejo e principais lojas de brinquedos do país. Era
uma das maiores fornecedoras
de produtos da marca Disney
entre 2003 e 2005, segundo representantes na marca.
No final de 2005, a menos de
uma semana do Natal, Receita
e PF lacraram a Gemini sob
acusação de sonegar impostos.
Documentos recolhidos pelos fiscais da Receita constataram que os produtos importados tinham preços subfaturados de, em média, um terço de
seu valor real. A Folha apurou
que o grupo teria montado uma
empresa de exportação na China para ajudar a maquiar os
preços. Ao comparar o preço
dos fabricantes chineses com
os declarados pela exportadora
do grupo, os fiscais verificaram
o subfaturamento.
A exportadora vendia os produtos à Gemini, que importava
os brinquedos usando o porto
de Paranaguá. A região foi escolhida por fornecer benefícios
fiscais. Em seguida, a mercadoria era enviada para distribuidoras do grupo -entre elas, a
Gemini, e a Universal Kids, ambas em Barueri. A Receita
apreendeu toneladas de produtos e autuou a Gemini em R$
100 milhões, segundo a PF.
Ao menos seis empresas do
grupo foram declaradas inaptas. Investigações dos fiscais
mostram que a empresa trocava de nome e continuava a operar. Na operação Dilúvio, que
investigou fraudes em importações em agosto, fiscais e policiais encontraram arquivos de
computadores que relatavam a
tentativa de corromper o fiscal,
em até R$ 200 mil.
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