São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2006

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PF prende empresário suspeito de matar auditor da Receita do Paraná

Sete pessoas foram presas em SP sob acusação de envolvimento no crime

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal prendeu ontem o empresário Marcos Gottlieb, dono da Gemini, uma das maiores importadoras de brinquedos do país, sob acusação de ter mandado matar o auditor da Receita Federal José Antônio Sevilha de Souza,45, em setembro do ano passado.
Outras sete pessoas suspeitas de terem participado do assassinato -entre elas um investigador da Polícia Civil de São Paulo- foram presas durante a operação "Davi", em alusão à história que narra a luta contra o gigante Golias.
Chefe da seção de Controle Aduaneiro da Receita Federal em Maringá, o auditor era conhecido por seu trabalho em combater fraudes em importações. Investigou, por meses, as operações da Gemini, importadora de brinquedos com matriz em Maringá (PR) e filiais em Barueri (SP). Ele foi assassinado com vários tiros no tórax, pescoço, baço e mão, após sair da casa da mãe, em Maringá.
Segundo a PF, o policial Jorge Luis Talarico, seu sobrinho Fernando Ranea e Luiz Carlos S.F. (que era segurança em uma empresa do investigador) foram presos por suspeita de serem executores do crime. Moacyr Macedo Maurício, advogado do empresário, foi preso por intermediar a contratação. A mulher de Gottlieb, Márcia R.M. de Almeida, e Regiane Silva Stolarick, funcionária, foram presas por "contribuir" no crime, segundo a PF.
A Folha procurou advogados e representantes dos suspeitos e não os localizou até o fechamento desta edição.
"Após um ano e dois meses de investigação, reunimos provas e depoimentos que mostram o envolvimento dessas pessoas em uma quadrilha, responsável pela morte do auditor fiscal", disse Jaber Saadi, superintendente da PF no Paraná.
A Gemini importava brinquedos eletrônicos para várias redes de varejo e principais lojas de brinquedos do país. Era uma das maiores fornecedoras de produtos da marca Disney entre 2003 e 2005, segundo representantes na marca.
No final de 2005, a menos de uma semana do Natal, Receita e PF lacraram a Gemini sob acusação de sonegar impostos.
Documentos recolhidos pelos fiscais da Receita constataram que os produtos importados tinham preços subfaturados de, em média, um terço de seu valor real. A Folha apurou que o grupo teria montado uma empresa de exportação na China para ajudar a maquiar os preços. Ao comparar o preço dos fabricantes chineses com os declarados pela exportadora do grupo, os fiscais verificaram o subfaturamento.
A exportadora vendia os produtos à Gemini, que importava os brinquedos usando o porto de Paranaguá. A região foi escolhida por fornecer benefícios fiscais. Em seguida, a mercadoria era enviada para distribuidoras do grupo -entre elas, a Gemini, e a Universal Kids, ambas em Barueri. A Receita apreendeu toneladas de produtos e autuou a Gemini em R$ 100 milhões, segundo a PF.
Ao menos seis empresas do grupo foram declaradas inaptas. Investigações dos fiscais mostram que a empresa trocava de nome e continuava a operar. Na operação Dilúvio, que investigou fraudes em importações em agosto, fiscais e policiais encontraram arquivos de computadores que relatavam a tentativa de corromper o fiscal, em até R$ 200 mil.


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