MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Um aperto de mãos entre representantes do Mercosul e de Israel hoje em Genebra deverá selar o primeiro acordo de livre comércio do bloco sul-americano fora de suas fronteiras. Segundo o chefe da missão israelense em Genebra, Yitzhak Levanon, o acordo será assinado em meados de dezembro, provavelmente em Montevidéu.
"O noivado está feito", disse Levanon à Folha, ao explicar que todos os obstáculos foram superados nos últimos três dias de negociação. "Agora só falta o casamento, que será em dezembro."
Israel já tem vários acordos de livre comércio em vigor, entre eles com os Estados Unidos, a União Européia, o Canadá e o México.
O embaixador israelense não quis especificar os produtos e serviços que estarão no acordo, para não atrapalhar as negociações ainda em curso, mas o impacto não será dramático, já que o volume de comércio não é alto.
O comércio entre Brasil e Israel em 2006 somou US$ 746,2 milhões e foi amplamente favorável ao país do Oriente Médio. O Brasil importou US$ 473,7 milhões, sobretudo insumos agrícolas, e exportou US$ 272,5 milhões, principalmente em carne e produtos agrícolas.
Havia expectativa no Mercosul de que o acordo com Israel pudesse ser concluído paralelamente ao que está sendo negociado com os países do Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico desde 2005. Mas o bloco de seis países árabes priorizou as negociações com a UE.

Venezuela
Embora o acordo se restrinja a temas comerciais, os negociadores não ficaram alheios ao contexto político, sobretudo a entrada da Venezuela no bloco.
Aliado do Irã, cujo presidente já negou a existência do Holocausto nazista e chegou a pregar a destruição do Estado judeu, o governo de Hugo Chávez retirou seu embaixador em Israel durante a guerra do Líbano, no ano passado.
No Itamaraty o acordo com Israel e a adesão da Venezuela são vistos como processos independentes.


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