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Pedido de propina varia de R$ 200 a R$ 2,4 milhões
DA SUCURSAL DO RIO
As investigações do Ministério Público apontam que
os pedidos de propina de fiscais iam de R$ 200 a R$ 2,4
milhões. Os investigados cobravam para evitar fiscalizar
grandes empresas hospitalares e até barbearias.
Nas conversas, eles usam
diferentes termos para se referir ao dinheiro: "canetas",
"bielas" e "encomenda".
Em uma ocasião, segundo
o MP, o fiscal Cândido Álvaro
Pereira Machado diz que está constrangido por cobrar
propina de uma barbearia e
reclama que o dono não está
tendo consideração com ele.
Ironizando, diz que bastaria
um corte a mais por semana.
O barbeiro diz ter R$ 100,
mas o fiscal pede mais R$
100. Após ouvir que o salão
está em dificuldade financeira, Cândido chega a sugerir
ficar sócio. Ele também aparece pedindo R$ 19 mil ao
contador de outra empresa.
Em outra ocasião, segundo
o MP, o fiscal Leopoldo César de Miranda Lima Netto
fala de negócios com uma
cooperativa de leite e cita o
valor de R$ 2,45 milhões.
O fiscal Marco Antônio
Trindade Braga pede R$
4.000 a um comerciante,
conforme escutas autorizadas judicialmente. Em outro
caso, cobra R$ 3.000 por regularizar a inscrição de loja
de roupas. O MP chama a
inspetoria de Botafogo (zona
sul, onde Marco Braga atua)
de "balcão de negócios".
Em muitos casos, o MP
acredita em regularidade no
pagamento de propinas aos
fiscais -como no caso em
que um comerciante pergunta quando entregar a
"encomenda de todo mês".
Há situações em que as vítimas da extorsão se rebelam. Um diz que está sendo
vítima de "terrorismo" e que
pensa em ir embora para o
Espírito Santo, em vez de
trabalhar para os fiscais.
Eles resolvem problemas
para empresas dentro da inspetoria ("advocacia administrativa"), o que é proibido a
funcionários públicos.
A Folha não conseguiu localizar os advogados dos acusados.
(RAPHAEL GOMIDE)
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