São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

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Obras atrasadas do PAC recebem o selo de "projeto em dia"

Estão nessa situação 16 obras de infra-estrutura com andamento defasado em relação ao cronograma apresentado pelo governo

Casa Civil diz que, "em obras de grande porte, atrasos acontecem, mas cronogramas das obras citadas estão dentro do horizonte do PAC"

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na lista de obras de infra-estrutura com selo verde do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que classifica como "adequado" o andamento dos projetos, há 16 empreendimentos atrasados em relação ao cronograma apresentado pelo governo em junho. Há atrasos de mais de um ano com o carimbo verde, usado para obras e ações que estão em dia.
Os atrasos mínimos são de aproximadamente dois meses e podem ser verificados em praticamente todas as áreas de infra-estrutura: concessão de rodovias à iniciativa privada, recuperação de estradas, construção de usinas para geração de energia, gasodutos, dragagem de portos, construção de navios e melhorias em aeroportos. No sistema de classificação do PAC, há cinco "selos": azul (concluído), verde (adequado), amarelo (atenção) e vermelho (preocupante).
O maior atraso não contabilizado pelo governo é o da entrega dos navios petroleiros do quarto lote de licitações feitas pela Transpetro, estatal subsidiária da Petrobras. Na avaliação do PAC feita em junho, o primeiro dos quatro navios deveria ser entregue até o final de setembro do ano que vem. Na última avaliação, em 30 de outubro, esse prazo foi para junho de 2011. Apesar do atraso de um ano e nove meses, para o governo, o ritmo da obra está "adequado". Os navios vão custar R$ 415 milhões.
Outra obra com atraso superior a um ano é a duplicação da BR-101, trecho entre Palhoça (SC) e a divisa com Rio Grande do Sul. A previsão de junho era concluir a obra até o final de 2010. Na última previsão do governo, o prazo ficou para final de fevereiro de 2012. A obra está orçada em R$ 810 milhões, para duplicar 249 quilômetros.

Energia
No PAC, há três obras importantes para geração de energia com atrasos não contabilizados pelo governo: hidrelétricas de Simplício (MG/RJ) e Dardanelos (MT) e a usina nuclear de Angra 3 (RJ). A hidrelétrica da Simplício, na divisa de Minas Gerais e Rio de Janeiro, seria concluída até o final de setembro de 2010. No final do mês passado, o novo prazo foi alongado para final de novembro. A obra está orçada em R$ 1,2 bilhão e, quando pronta, a usina poderá gerar até 334 MW.
A hidrelétrica de Dardanelos, no rio Aripuanã (MT), em tese seria concluída até o final de 2009, a julgar pelo balanço divulgado em junho. No último dia 30, a avaliação mudou para final de fevereiro de 2010. A obra custará R$ 753 milhões e a usina tem capacidade de gerar até 261 MW.
A usina nuclear de Angra 3 vem sofrendo atrasos constantes nos balanços do PAC, sem nunca ter perdido o selo verde. Na comparação com junho, a entrada em operação da usina foi atrasada em dois meses, passando do final de agosto de 2014 para final de outubro. Angra deverá custar R$ 7,3 bilhões e poderá gerar até 1.350 MW.

Governo
Por meio da assessoria de imprensa, a Casa Civil informou que não há erro no balanço. "Não há erro de avaliação. Em obras de grande porte, atrasos acontecem, mas os cronogramas das obras citadas estão dentro do horizonte do PAC".
Especificamente em relação à BR-101 em Santa Catarina, o governo avalia que a obra foi antecipada para 15 de dezembro de 2009, porque outras obras na mesma rodovia (túnel do Formigão, túnel do Morro dos Cavalos e ponte da Lagoa do Imarui) foram incluídas depois por exigência do Ministério Público.


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