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Indústria química congela US$ 3 bi em investimento
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria química tem engavetados US$ 3 bilhões em investimentos para o processamento do gás natural no Brasil.
Há dois anos, 19 indústrias do
setor discutem com o governo e
com a Petrobras a formulação
de uma política capaz de viabilizar os projetos parados. Até
agora, nada andou.
Um dos mais importantes
projetos engavetados é o da
Fosfertil, que produz hoje 600
mil toneladas de amônia usando resíduo asfáltico e gás de refinaria. A amônia é matéria-prima para a produção de fertilizantes para a agricultura. O
consumo de gás natural da
Comgás está suspenso devido
ao preço. A amônia que deixa
de ser produzida aqui está sendo importada -segundo a empresa, algo como 5.000 a 6.000
toneladas por mês. Hoje, a empresa importa 300 mil toneladas de amônia por ano para suprir a demanda nacional.
Para reduzir essa dependência, a empresa tem um projeto
para investir entre US$ 1,5 bilhão e US$ 1,7 bilhão numa fábrica de amônia para a produção de fertilizantes. O projeto
estava planejado para 2013,
mas o tempo para isso está
exaurido, diz Luiz Antônio Veiga Mesquita, diretor de suprimentos e logística da Fosfertil.
Hoje, o uso do gás natural como matéria-prima industrial é
insignificante no Brasil. Só
4,5% de todo o gás ofertado ao
mercado é usado como matéria-prima -a maior parte queima como energético nas industrias e nas térmicas. Isso representa de 2 milhões a 2,5 milhões de metros cúbicos ao dia.
A indústria promete elevar
essa demanda em mais 4,1 milhões de metros cúbicos por dia
se as condições mudarem. Só a
Fosfertil tem um projeto para
consumir 2,7 milhões de metros cúbicos diários, algo inviável com a atual política de oferta e de preços do insumo, afirma Mesquita.
Oferta maior
Os investimentos da Petrobras nas bacias de Santos e do
Espírito Santo (excluída a produção do pré-sal) darão ao país
um volume substancial de gás
natural nos próximos anos, o
que afasta problemas de oferta,
já enfrentado em passado recente. Após dois anos de negociações infrutíferas, as 19 indústrias do setor conseguiram
entregar uma proposta à direção de gás e energia da estatal.
O plano da indústria química
é dar ênfase ao consumo do gás
como matéria-prima e viabilizar uma política, formulada pela Petrobras ou pelo governo,
capaz de tornar o preço do gás
nacional menor do que o cobrado atualmente. A indústria pede corte de pelo menos 50% no
preço. A Petrobras ainda não
deu uma resposta.
Sem um acordo capaz de viabilizar a produção de amônia
no interior do país, a Fosfertil
prevê caos no transporte. "Vamos ver um caminhão saindo
do terminal em Cubatão e subindo a serra a cada 36 minutos, durante sete dias por semana, 365 dias por ano", calcula
Mesquita. Em 2011, a Fosfertil
não terá mais o gás de refinaria
para produzir amônia. Esse gás
alimentará a térmica de Cubatão, da Petrobras.
(AB)
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