São Paulo, domingo, 29 de novembro de 2009

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Indústria química congela US$ 3 bi em investimento

DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria química tem engavetados US$ 3 bilhões em investimentos para o processamento do gás natural no Brasil. Há dois anos, 19 indústrias do setor discutem com o governo e com a Petrobras a formulação de uma política capaz de viabilizar os projetos parados. Até agora, nada andou.
Um dos mais importantes projetos engavetados é o da Fosfertil, que produz hoje 600 mil toneladas de amônia usando resíduo asfáltico e gás de refinaria. A amônia é matéria-prima para a produção de fertilizantes para a agricultura. O consumo de gás natural da Comgás está suspenso devido ao preço. A amônia que deixa de ser produzida aqui está sendo importada -segundo a empresa, algo como 5.000 a 6.000 toneladas por mês. Hoje, a empresa importa 300 mil toneladas de amônia por ano para suprir a demanda nacional.
Para reduzir essa dependência, a empresa tem um projeto para investir entre US$ 1,5 bilhão e US$ 1,7 bilhão numa fábrica de amônia para a produção de fertilizantes. O projeto estava planejado para 2013, mas o tempo para isso está exaurido, diz Luiz Antônio Veiga Mesquita, diretor de suprimentos e logística da Fosfertil.
Hoje, o uso do gás natural como matéria-prima industrial é insignificante no Brasil. Só 4,5% de todo o gás ofertado ao mercado é usado como matéria-prima -a maior parte queima como energético nas industrias e nas térmicas. Isso representa de 2 milhões a 2,5 milhões de metros cúbicos ao dia.
A indústria promete elevar essa demanda em mais 4,1 milhões de metros cúbicos por dia se as condições mudarem. Só a Fosfertil tem um projeto para consumir 2,7 milhões de metros cúbicos diários, algo inviável com a atual política de oferta e de preços do insumo, afirma Mesquita.

Oferta maior
Os investimentos da Petrobras nas bacias de Santos e do Espírito Santo (excluída a produção do pré-sal) darão ao país um volume substancial de gás natural nos próximos anos, o que afasta problemas de oferta, já enfrentado em passado recente. Após dois anos de negociações infrutíferas, as 19 indústrias do setor conseguiram entregar uma proposta à direção de gás e energia da estatal.
O plano da indústria química é dar ênfase ao consumo do gás como matéria-prima e viabilizar uma política, formulada pela Petrobras ou pelo governo, capaz de tornar o preço do gás nacional menor do que o cobrado atualmente. A indústria pede corte de pelo menos 50% no preço. A Petrobras ainda não deu uma resposta.
Sem um acordo capaz de viabilizar a produção de amônia no interior do país, a Fosfertil prevê caos no transporte. "Vamos ver um caminhão saindo do terminal em Cubatão e subindo a serra a cada 36 minutos, durante sete dias por semana, 365 dias por ano", calcula Mesquita. Em 2011, a Fosfertil não terá mais o gás de refinaria para produzir amônia. Esse gás alimentará a térmica de Cubatão, da Petrobras. (AB)


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