São Paulo, domingo, 29 de novembro de 1998

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CARROS
Ipea afirma que solução para a indústria é redução de preços
Regime automotivo causou aumento de 25% nos preços

OSWALDO BUARIM JR.
da Sucursal de Brasília

O regime automotivo brasileiro, em vigor desde janeiro de 1996, resultou em preços 25% acima do que deveriam custar os carros nacionais se nenhum sistema de proteção à produção nacional de carros fosse adotado.
A conclusão é do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que acompanha o desempenho da indústria automobilística no Brasil desde 1993.
Esse preço adicional pago pelo consumidor brasileiro é resultado das diversas barreiras tarifárias e não tarifárias que compõem o regime automotivo.
Com esse diferencial de preços, o custo do regime automotivo para o consumidor será de aproximadamente R$ 35,6 bilhões, valor estimado até o fim de 1999.
Uma parte dessa perda reverterá em ganhos para os produtores, e outra parte (pouco mais de 10%) em ganhos para o governo, que arrecada impostos.
Com a concorrência dos importados, os preços dos carros nacionais começaram a cair em julho de 1993, o que levou à aceleração do aumento da produtividade, resultado da reorganização da mão-de-obra e da redução do custo de produção pela importação de autopeças.
O Ipea usou em sua pesquisa dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que detectou crescimento da produtividade física (número de operários por carro fabricado) e decréscimo do número de horas pagas na indústria.
Esse diferencial de preços, segundo o coordenador da pesquisa sobre a indústria automobilística no Ipea, João Alberto De Negri, indica que houve um aumento injustificado da margem de lucro das montadoras.
Segundo ele, os dados demonstram que a saída para a crise de vendas do setor, que acumula mais de 200 mil veículos nos pátios das fábricas, é a redução de preços e não a demissão de empregados.



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