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COMÉRCIO INTERNACIONAL
Disputa, que já chegou à OMC, faz europeu pedir intervenção de Clinton para evitar confronto maior
Bananas levam EUA e
Europa a "guerra"
JOSÉLIA AGUIAR
da Redação
EUA e União Européia estão brigando por causa de bananas. O
embate, travado no campo comercial há cerca de duas semanas, envolve acusações mútuas e ameaças
de sanções. Nos próximos dias, a
OMC (Organização Mundial do
Comércio) deve anunciar um veredicto, o que não significará o fim
da contenda.
A gravidade da disputa já levou o
presidente da Comissão Européia,
Jacques Santer, a escrever ao presidente dos EUA, Bill Clinton, pedindo sua intervenção "urgente e
pessoal" para evitar um confronto
maior.
Não é a primeira vez que EUA e
União Européia brigam por bananas. Mas a celeuma se agravou depois que a União Européia firmou
um novo acordo com países da
África e do Caribe para garantir a
importação privilegiada de colheitas saídas de suas ex-colônias nas
duas regiões.
Os EUA, que não cultivam bananas, mas possuem companhias
que detêm o controle de plantações na América Latina e Central,
julgam o acordo discriminatório.
Em represália, ameaçam colocar
tarifas alfandegárias extras de
100% nos produtos europeus que
desembarcarem em seu território
a partir de fevereiro do próximo
ano. Perfumes, vinhos e queijos
são alguns dos produtos que podem dobrar de preço nas gôndolas
e prateleiras do país.
Os europeus crêem que a decisão
norte-americana é unilateral e dizem que só negociam uma solução
para o confronto se for retirada a
ameaça. Na última quarta-feira, a
disputa comercial chegou mais
uma vez às portas da OMC.
Os representantes da Comissão
Européia apresentaram um pedido oficial ao organismo para impugnar a lei norte-americana que
permite ao país estabelecer sanções como as que planeja adotar
no episódio das bananas.
A representante de comércio dos
EUA, Charlene Barshefsky, diz que
o país deseja chegar a uma solução
"mutuamente aceitável" para o
conflito.
"Não se pode entrar em um tribunal apontando a arma para a outra parte", reclama o representante
europeu de Comércio, Leon Brittan. Ele diz que a aplicação das
sanções "prejudicará inevitavelmente as relações econômicas e
políticas entre a Europa e os EUA".
A razão para duvidar que a arbitragem da OMC conseguirá pacificar os contendores é que, no ano
passado, o mesmo organismo havia condenado a então política de
importação de banana adotada pela Europa -apesar disso, o acordo
praticamente não foi alterado em
sua nova versão.
Os bananicultores supostamente
privilegiados pelo acordo reclamam que os EUA já ocupam mais
de 60% do mercado europeu. E argumentam que o desenvolvimento
de suas economias depende em
grande parte das vendas do produto. Para o governo norte-americano, no entanto, trata-se de uma
questão de princípios.
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