|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em relação ao PIB, dívida pública cai ao menor nível em 9 anos
Aperto fiscal de janeiro a novembro supera em R$ 17,5 bilhões a meta fixada para todo o ano de 2007; economia para o pagamento de juros cresce 17,4%
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aperto fiscal realizado pelo
setor público até o mês passado
já supera em R$ 17,5 bilhões a
meta fixada para todo o ano de
2007 e ajudou a reduzir a relação entre a dívida pública e o
PIB (Produto Interno Bruto)
para seu menor patamar em
nove anos.
Os números foram divulgados ontem pelo Banco Central.
De janeiro a novembro, o conjunto formado por governo federal, Estados, municípios e
empresas estatais acumulou
um superávit primário (economia feita para o pagamento de
juros) de R$ 113,387 bilhões.
Trata-se de um crescimento de
17,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Nos últimos 12 meses, o resultado acumulado já é de
4,22% do PIB, também acima
da meta de 3,8% estabelecida
para este ano. Apenas em novembro, o superávit foi de R$
6,817 bilhões.
O objetivo do governo é fazer
com que essa economia encerre 2007 em, pelo menos, R$
96,9 bilhões. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirma que a sobra
alcançada até novembro "abre
uma margem considerável para
o cumprimento da meta", mas
ressalta que, normalmente, os
meses de dezembro concentram um volume maior de gastos públicos.
Essa pressão por mais despesas vem de várias fontes. Por
um lado, o governo costuma represar alguns investimentos
para liberar as verbas correspondentes somente no final do
ano, quando já há um pouco
mais de certeza de que a meta
fiscal será cumprida.
Além disso, há o pagamento
de parte do 13º salário dos servidores públicos e de pensionistas do INSS.
Em dezembro de 2006, o setor público havia registrado um
déficit de R$ 6,453 bilhões nas
suas contas.
Endividamento
O aperto fiscal feito até agora
ajudou a reduzir a relação entre
dívida e PIB, um dos indicadores mais acompanhados pelo
mercado para medir a capacidade de um país pagar em dia
seus compromissos. No mês
passado, essa proporção caiu
para 42,6%, nível mais baixo registrado pelas estatísticas do
BC desde dezembro de 1998.
No final do ano passado, a relação estava em 44,7%.
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e ex-diretor do Banco Central, a redução da dívida poderia ser mais rápida se não fosse
a política cambial do BC, baseada na compra de dólares no
mercado de câmbio e em operações com derivativos.
Freitas critica a utilização do
chamado "swap cambial reverso" para conter a queda do dólar. Trata-se de um contrato firmado entre o BC e bancos que
atuam nesse mercado e que
oferece ganhos às instituições
financeiras (e, conseqüentemente, causa perdas ao BC)
sempre que o dólar cai. Quando
o dólar sobe, ocorre o movimento inverso.
De acordo com o economista,
esse tipo de operação traz um
grande custo fiscal: quanto
mais esses contratos são negociados, mais o governo perde
quando o real se valoriza. E o
real tem se valorizado seguidamente nos últimos anos, graças, em parte, às altas taxas de
juros praticadas no país, que
atraem grande quantidade de
capital estrangeiro para o mercado brasileiro.
Entre janeiro e novembro, a
oscilação do câmbio provocou
um aumento de R$ 27,6 bilhões
na dívida pública, que encerrou
o mês passado em R$ 1,128 trilhão. Por outro lado, um dos fatores que mais ajudaram a melhorar a relação entre esse endividamento e o PIB foi, justamente, o crescimento da economia. O BC estima que, se não
fosse o atual ritmo de expansão,
a proporção estaria atualmente
em cerca de 47%.
Texto Anterior: Para a OAB, método fere a Constituição Próximo Texto: Previsão: BC espera cenário externo mais turbulento Índice
|