São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2001

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TRANSPORTES

Nélio Botelho, do MUBC, diz que adesão dos caminhoneiros ao movimento não passou de 70% do esperado

Greve fracassa, e líder ameaça radicalizar

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A greve dos caminhoneiros não teve a adesão esperada pelas lideranças do movimento, e o presidente do MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), Nélio Botelho, já admite que pode haver radicalização nos próximos dias de paralisação.
Botelho afirmou na tarde de ontem que a adesão ao movimento era de "65% a 70%" do esperado. Na sexta, ele estimara que teria o apoio de 1 milhão dos cerca de 1,5 milhão de caminhoneiros do país.
"Nós estamos lutando para sobreviver. A remuneração é impraticável. O governo tem que solucionar. Se tivermos que radicalizar para garantir a sobrevivência, vamos fazê-lo. Por enquanto não há esse propósito", disse.
Embora afirme que "greve de caminhoneiros tem que ser radical", Botelho disse que a estratégia de não fazer piquetes tem o objetivo de não perder o apoio da opinião pública -que, segundo ele, o movimento tem.

Transporte urbano
Botelho admitiu também que não houve adesão à greve dos 550 mil caminhoneiros que fazem o transporte urbano de cargas no país e rebateu a acusação do ministro da Justiça, José Gregori, segundo a qual a greve é só uma plataforma para sua futura candidatura a um mandato parlamentar.
"Eu não sou candidato a nada. O problema é que o Gregori montou uma operação de guerra contra os caminhoneiros, na expectativa de que fosse haver bloqueio de estradas, grandes concentrações, e nada disso aconteceu. Nós frustramos a intenção dele ao segurarmos os caminhões nas suas cidades de origem."
Por volta das 9h, os patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal de plantão em frente à Reduc (Refinaria Duque de Caxias), unidade da Petrobras no Rio, disseram que o movimento de caminhões na rodovia BR-040 (Rio-Brasília), no trecho da Baixada Fluminense, estava com movimento de caminhões 60% inferior ao normal.
Às 12h, o patrulheiro Luís Dexheimer, de plantão no posto localizado no primeiro pedágio da rodovia, sentido Rio-Brasília, disse que a situação do início do dia havia se modificado. "O pessoal viu que não tinha piquete e passou a circular normalmente."
Mesmo assim, a Concer, concessionária do trecho da rodovia que fica entre o Rio e Juiz de Fora (MG), informou que o movimento até as 11h havia caído 45% em relação ao da segunda-feira anterior. O número de caminhões que passaram pela praça de pedágio mais próxima ao Rio foi de 563, contra 1.020 no dia 22.
Na rodovia Presidente Dutra (Rio-São Paulo), a mais movimentada do país (cerca de 400 mil veículos por dia), a concessionária NovaDutra informou que o movimento de ontem foi "normal". A empresa obteve liminares na Justiça que prevêem multa de R$ 1 milhão por dia contra o MUBC, caso haja bloqueio total ou parcial das pistas da Dutra.
Também a Ponte S.A., concessionária da ponte Rio-Niterói, que é um trecho da BR-101, principal rodovia litorânea do país, recorreu a uma liminar prévia para evitar bloqueio das pistas. Às 16h, a concessionária disse que o movimento era normal.


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