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"HOSPITAL"
Banco forma força-tarefa com Eletrobrás e Ministério de Minas e Energia para discutir situação financeira do setor
BNDES ensaia ajuda para solucionar crise de elétricas
BONANÇA MOUTEIRA
DA SUCURSAL RIO
A Eletrobrás, o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) e o Ministério de Minas e Energia formaram
uma força-tarefa a fim de encontrar uma solução para a crise no
setor elétrico.
A participação do BNDES nas
discussões indica a intenção do
governo de, no mínimo, auxiliar
no saneamento das companhias,
que estão com um elevado índice
de endividamento. A se confirmar, será o primeiro setor beneficiado por uma operação de salvamento no governo de Luiz Inácio
Lula da Silva. O presidente do
BNDES, Carlos Lessa, já declarou
que o banco poderá exercer o papel de "hospital de empresas".
Segundo o presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, o
BNDES participa das discussões
por ser credor da maioria das
companhias elétricas que foram
privatizadas, quando entrou como financiador dos compradores. A Eletrobrás responde pelas
empresas coligadas. "Não é possível fazer um avião decolar [o setor
elétrico" com uma das asas no
chão", afirmou, referindo-se aos
problemas financeiros das companhias privadas.
Pinguelli negou que esteja sendo costurado um plano de socorro financeiro para as empresas
privadas. Disse que se limitou a
uma visita de cortesia ao presidente do BNDES, Carlos Lessa, na
última terça. "Eu chorei meus
problemas e ele chorou os dele",
afirmou. Ontem, ele, Lessa e a ministra Dilma Rousseff (Minas e
Energia) reuniram-se à tarde em
Brasília.
Após a reunião, Pinguelli disse
que o governo pretende "fazer
uma reforma no setor elétrico todo", mas evitou dar detalhes. Lessa saiu pela garagem e não deu entrevistas. Dilma informou, pela
assessoria de imprensa, que não
iria comentar a reunião.
Pela manhã, no Rio, Pinguelli
culpou o modelo de operação estabelecido no governo anterior
pela crise atual do setor. "As empresas privatizadas foram vítimas
de um modelo equivocado [privatização de companhias do setor
elétrico", promessas que não se
concretizaram, má gestão e contratos mal formulados."
Na esfera estatal, Pinguelli
apontou a Eletronuclear e a Eletronorte como as mais problemáticas, pois vendem eletricidade
abaixo do custo de produção. Ele
disse ainda que é preciso encontrar uma solução que equacione a
tarifa de geração sem impactar no
preço final ao consumidor.
Pinguelli embarcaria ontem para Paris para fazer uma palestra e
se encontrar com executivos da
EDF -empresa francesa sócia da
Light, uma das mais problemáticas do setor. "Não tenho pauta
para o encontro", afirmou, admitindo que "talvez" eles falem sobre os problemas que enfrentam
na Light.
O presidente da Eletrobrás
anunciou a criação de um grupo
de estudos formado por representantes do setor elétrico cuja função será encontrar soluções a serem levadas ao ministério. Pinguelli estima que dentro de um
ano o setor estará reformulado,
mas as primeiras medidas devem
sair em um mês.
O grupo vai analisar a viabilidade da usina de Belo Monte (PA).
Orçada em US$ 6 bilhões, a usina
pode implicar danos ambientais.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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