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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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"HOSPITAL"

Banco forma força-tarefa com Eletrobrás e Ministério de Minas e Energia para discutir situação financeira do setor

BNDES ensaia ajuda para solucionar crise de elétricas

BONANÇA MOUTEIRA
DA SUCURSAL RIO

A Eletrobrás, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o Ministério de Minas e Energia formaram uma força-tarefa a fim de encontrar uma solução para a crise no setor elétrico.
A participação do BNDES nas discussões indica a intenção do governo de, no mínimo, auxiliar no saneamento das companhias, que estão com um elevado índice de endividamento. A se confirmar, será o primeiro setor beneficiado por uma operação de salvamento no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do BNDES, Carlos Lessa, já declarou que o banco poderá exercer o papel de "hospital de empresas".
Segundo o presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, o BNDES participa das discussões por ser credor da maioria das companhias elétricas que foram privatizadas, quando entrou como financiador dos compradores. A Eletrobrás responde pelas empresas coligadas. "Não é possível fazer um avião decolar [o setor elétrico" com uma das asas no chão", afirmou, referindo-se aos problemas financeiros das companhias privadas.
Pinguelli negou que esteja sendo costurado um plano de socorro financeiro para as empresas privadas. Disse que se limitou a uma visita de cortesia ao presidente do BNDES, Carlos Lessa, na última terça. "Eu chorei meus problemas e ele chorou os dele", afirmou. Ontem, ele, Lessa e a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) reuniram-se à tarde em Brasília.
Após a reunião, Pinguelli disse que o governo pretende "fazer uma reforma no setor elétrico todo", mas evitou dar detalhes. Lessa saiu pela garagem e não deu entrevistas. Dilma informou, pela assessoria de imprensa, que não iria comentar a reunião.
Pela manhã, no Rio, Pinguelli culpou o modelo de operação estabelecido no governo anterior pela crise atual do setor. "As empresas privatizadas foram vítimas de um modelo equivocado [privatização de companhias do setor elétrico", promessas que não se concretizaram, má gestão e contratos mal formulados."
Na esfera estatal, Pinguelli apontou a Eletronuclear e a Eletronorte como as mais problemáticas, pois vendem eletricidade abaixo do custo de produção. Ele disse ainda que é preciso encontrar uma solução que equacione a tarifa de geração sem impactar no preço final ao consumidor.
Pinguelli embarcaria ontem para Paris para fazer uma palestra e se encontrar com executivos da EDF -empresa francesa sócia da Light, uma das mais problemáticas do setor. "Não tenho pauta para o encontro", afirmou, admitindo que "talvez" eles falem sobre os problemas que enfrentam na Light.
O presidente da Eletrobrás anunciou a criação de um grupo de estudos formado por representantes do setor elétrico cuja função será encontrar soluções a serem levadas ao ministério. Pinguelli estima que dentro de um ano o setor estará reformulado, mas as primeiras medidas devem sair em um mês.
O grupo vai analisar a viabilidade da usina de Belo Monte (PA). Orçada em US$ 6 bilhões, a usina pode implicar danos ambientais.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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