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ANÁLISE
Crédito ainda é inferior ao de emergentes
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os indicadores de crédito em
2006 foram bons. Caíram as taxas de juros e empresas e consumidores tiveram acesso a
mais crédito do que em 2005. A
relação entre o total de crédito
e o PIB chegou a 34%, maior cifra desde 1996.
Nenhuma economia cresce
sem crédito. A anemia desses
indicadores no Brasil foi sempre apontada como um dos
grandes nós que impediam o
crescimento. Mas, se é verdade
que os indicadores de 2006 são
positivos e que eles sinalizam
que a economia brasileira vai
em direção à normalidade, eles
também mostram que ainda
estamos longe de atingi-la.
Não é só o juro muito alto -o
Brasil tem uma das maiores taxas reais do planeta- que torna
o Brasil anormal no campo do
crédito. Empréstimos e financiamentos precisam crescer
muito ainda para que o volume
de crédito se aproxime dos níveis internacionais.
Enquanto por aqui a relação
entre crédito e PIB ronda os
34%, ela é de mais de 60% no
Chile, de quase 100% na Coréia
do Sul, mais de 120%, em média, nos países de G7 e superior
a 120% nos EUA.
Com a queda dos juros por
aqui, os bancos tendem a trocar
o investimento em títulos públicos por crédito e investimento em papéis privados. Mas
a estratégia das instituições financeiras é também de cautela.
Crescimento rápido do crédito
pode não ser seguro e, agora,
todo o terreno de crescimento
passa a ser inédito. Na prática,
ninguém sabe como se comportará a inadimplência à medida que o volume de crédito alcance níveis recordes.
Por um lado, uma das barreiras ao crescimento do crédito,
as altas taxas básicas de juros,
tem sido diluída, ainda que devagar. Mas bancos e analistas
apontam outros problemas que
impedem crescimento mais vigoroso do crédito, por um lado,
e queda das taxas de juros na
ponta, por outro.
Impostos
Os impostos que incidem sobre as operações financeiras, a
chamada cunha fiscal, são um
dos obstáculos à queda do juro
final. A inadimplência, outro.
Os bancos também apontam
para o que os economistas chamam de "insegurança jurisdicional", jargão para dizer que é
difícil recuperar crédito no
Brasil. O crédito com desconto
em folha, dizem, é mais barato
justamente por eliminar parte
do risco de inadimplência e, em
grau menor, o risco jurídico.
Resolver o problema, como no
caso de quase todos os nós que
"travam" a economia brasileira, passa pelas sempre mencionadas reformas.
Mas, apesar de todos os problemas, a tendência, salvo uma
crise que ninguém, por enquanto, vê no horizonte, é que o
crédito, tanto para pessoas físicas quanto para empresas, continue crescendo em 2007. Mas atingir os níveis já alcançados
pela maioria dos emergentes
não será fácil.
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