São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

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CRÉDITO

Grandes redes registram R$ 59,5 mi de perdas com inadimplência

Varejo perde 22% a mais com calote em 2005

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As principais redes varejistas do país perderam no ano passado R$ 59,5 milhões por causa do calote dos consumidores. O volume é 21,7% superior ao de 2004 (R$ 48,9 milhões). Esses recursos entraram nas contas das empresas como perda. Em média, contas que os consumidores não pagam 180 dias após o vencimento entram como dinheiro perdido.
Foram avaliadas as demonstrações financeiras de Lojas Renner, grupo Pão de Açúcar, Lojas Americanas (e site), Ponto Frio e Lojas Riachuelo. O valor a ser classificado em suas contas como perda chama-se, no balanço, provisão para devedores duvidosos. É a companhia que decide o quanto vai declarar como saldo negativo para essa conta.
O aumento no endividamento do brasileiro, que reduziu a chamada renda disponível da população (o que sobra para o consumidor fazer gastos eventuais), pressionou o resultado. Como fizeram muitas dívidas durante o ano e a renda não acompanhou essa expansão, faltou dinheiro no bolso. Por isso, a inadimplência sobe, e a perda dos varejistas, também.
Levantamento da consultoria ACNielsen mostra que a classe média brasileira gastou, em 2005, 8% a mais do que a sua renda. O índice vai a 3% incluindo todas as classes socioeconômicas. Dados do IBGE mostram que o rendimento real da população em 2005 cresceu apenas 2%.
Na segunda maior rede de eletroeletrônicos do país, o Ponto Frio, as vendas cresceram, o lucro também, e a provisão disparou. Segundo a companhia, as operações de crédito cresceram 16,7% e passaram a representar 74% de tudo que o grupo vende. O consumidor, que em 2004 comprava em 8,5 prestações, passou a comprar em 9. A provisão para cobrança duvidosa subiu 50%: passou de R$ 2 milhões para R$ 3 milhões (valor consolidado).
Na Renner, a perda com a inadimplência também cresceu. Esse volume somava quase R$ 19,5 milhões no ano de 2004 e passou para R$ 22,9 milhões em 2005.
O Grupo Pão de Açúcar foi a única grande rede com dados abertos que teve redução na provisão para devedores. Em "financiamentos para clientes", por exemplo, um item que compõe a conta total da provisão, o volume caiu de R$ 3,7 milhões para R$ 2,1 milhões.


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