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China manda à prisão 4 executivos da Rio Tinto
Justiça condena funcionários de mineradora
por suborno e roubo de segredos comerciais
Empresa demite executivos
e diz que caso não prejudica
relações com China; governo
da Austrália ataca sentença
e sistema judicial chinês
PATTI WALDMEIR E PETER SMITH
DO "FINANCIAL TIMES"
A Justiça chinesa condenou
ontem quatro funcionários da
mineradora anglo-australiana
Rio Tinto por receber subornos
e roubar segredos comerciais.
Um tribunal de Xangai condenou Stern Hu, cidadão australiano e que era o principal
vendedor de minério da Rio
Tinto na China, e três de seus
ex-colegas chineses a penas entre 7 e 14 anos de prisão, em caso histórico que colocou em
destaque o sistema judicial e as
práticas de negócios da China.
Horas depois do anúncio da
sentença, Tom Albanese, presidente-executivo do grupo, demitiu os quatro e afirmou que o
caso não colocaria em risco as
relações entre a empresa e a
China, sua maior cliente.
"Estou determinado a não
permitir que a conduta deplorável desses quatro funcionários nos impeça de continuar
desenvolvendo nosso importante relacionamento com a
China", disse Albanese. "Trata-se de uma das minhas maiores
prioridades pessoais."
Os funcionários da Rio Tinto
foram acusados de aceitar subornos de pequenas siderúrgicas privadas a fim de lhes propiciar acesso preferencial ao
minério de ferro da Rio Tinto.
Também foram acusados de
roubar segredos comerciais
que revelavam a posição da Acfa (Associação Chinesa do Ferro e Aço) durante as contenciosas negociações de preços para
o minério.
As autoridades chinesas não
ofereceram detalhes sobre
quem foi condenado de quais
crimes, exatamente, quando
anunciaram as sentenças.
"Os quatro prejudicaram seriamente os interesses das empresas siderúrgicas chinesas e
as deixaram em posição desfavorável nas negociações do minério de ferro, o que causou a
suspensão das negociações em
2009", afirmou o tribunal.
A Acfa acusou os quatro homens de prejudicarem sua posição nas negociações, ao revelarem posições internas da organização à Rio Tinto.
As pequenas siderúrgicas
tentaram influenciar seu acesso ao minério de ferro do grupo
australiano porque, enquanto
as siderúrgicas de maior porte
desfrutam de contratos de prazo mais longo com as mineradoras, a um preço fixo de referência, as menores ficam sujeitas ao mercado "spot", em que a
flutuação de preços é constante. O principal objetivo das pequenas siderúrgicas era garantir uma fonte confiável de suprimento com a Rio Tinto.
Embora a Rio Tinto tenha
tentado deixar para trás a investigação de nove meses de
duração, ao demitir os quatro
condenados, o governo australiano criticou tanto as sentenças como o processo judicial
chinês.
Stephen Smith, ministro
australiano do Exterior, disse
que as sentenças são severas
"qualquer que seja o padrão de
análise". Ele também reclamou
da China por conduzir de forma sigilosa a parte do julgamento que se referia aos segredos comerciais, afirmando que
essa decisão deixou "muitas
perguntas sem resposta".
As condenações dos quatro
serão aplicadas retroativamente ao começo de julho de 2009,
quando foram detidos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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