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agrofolha
Usina quer volta de 25% de álcool na gasolina
Retorno do percentual está previsto para maio, mas Unica, em cenário de queda de preço, quer antecipar mudança para meados de abril
Governo reduziu mistura para 20% em fevereiro
devido à alta do álcool;
ministro da Agricultura não
vê problema em antecipação
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Apenas 5% das usinas iniciaram a safra 2010/11 de cana-de-açúcar na região centro-sul. A
oferta de produto novo no mercado ainda é restrita, ficando
próxima de 200 milhões de litros por quinzena, mas os preços não param de cair.
Após ter atingido R$ 1,2055
por litro em meados de janeiro
na porta das usinas -valor sem
impostos-, o álcool hidratado
recuou para R$ 0,7572 na semana passada, com queda de
39% em nove semanas.
A queda nos postos, em geral
sempre lenta, também vem
mostrando um ritmo forte, totalizando 19% em seis semanas.
O litro do álcool hidratado, que
chegou a ser negociado a R$
1,799 em alguns postos de São
Paulo, já pode ser encontrado
por R$ 1,249. Na média, os preços da cidade de São Paulo ainda estão em R$ 1,528, conforme
pesquisa da Folha.
Diante desse cenário, as usinas querem a antecipação da
volta dos 25% de mistura do álcool anidro à gasolina, o que garantiria a ampliação da demanda do combustível.
Em fevereiro, devido à alta
dos preços do produto, a mistura de álcool anidro foi reduzida
de 25% para 20% pelo governo.
O objetivo era inibir a escalada
de preços do combustível. O
governo estipulou o retorno
dos 25% para o início de maio.
Antonio de Padua Rodrigues,
diretor técnico da Unica
(União da Indústria de Cana-de-Açúcar), diz que a antecipação elevaria a demanda de álcool anidro -o que é misturado à gasolina- em 100 milhões
de litros por mês.
Na sua avaliação, esse volume extra de demanda seria importante, já que mais usinas
devem iniciar a safra nas próximas semanas, elevando a oferta. "Se houver a antecipação
para meados de abril, as usinas
já estão preparadas para abastecer o mercado."
O ministro da Agricultura,
Reinhold Stephanes, diz não
ver nenhum problema na volta
da mistura de 25% para a data
sugerida pelo diretor da Unica.
Segundo Rodrigues, o que
ocorre com o mercado atualmente não tem sentido. "A
oferta de álcool é reduzida, e os
preços não param de cair."
As usinas temem a repetição
do que ocorreu em 2009, quando, apertadas pelas contas e pela falta de crédito, foram obrigadas a desovar o excesso de
produto no mercado nos primeiros meses da safra.
O resultado foi que o álcool
hidratado chegou a ser negociado a R$ 0,5926 na média semanal do final de maio, valor
que não cobria os custos.
A redução atual de preços
ocorre mesmo após a queda de
7% na produção anual da região centro-sul em 2009/10.
Segundo a mais recente estimativa da Unica, a produção da
safra que se encerra é de 23,3
bilhões de litros.
O setor deve conviver com
dois fatores de aumento de
produção neste ano: recuperação da qualidade da matéria-prima e entrada de novas usinas em operação. A produção
da região centro-sul deve atingir 27,6 bilhões de litros na safra que se inicia, conforme estimativas do Instituto FNP.
Quando o preço do álcool
disparou, perdeu competitividade em relação ao da gasolina.
Com a queda atual de preços, o
produto voltou a ser vantajoso,
mas o consumidor ainda não
utiliza a mesma quantidade de
antes em seus veículos.
De julho a outubro, o consumo médio diário somava 50
milhões de litros, volume que
caiu para 25 milhões em fevereiro. Na primeira quinzena
deste mês, estava em 32 milhões, e a previsão é que termine o mês em 39 milhões.
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