São Paulo, domingo, 30 de abril de 2000


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DISQUE 104

Operadora encerra serviço em SE, BA e AL e mantém única unidade em Salvador

Telemar fecha postos de atendimento

SILVIA DE MOURA
da Agência Folha, em Propriá

Portas fechadas e um aviso para ligar para o número 104. É assim que, há 15 dias, a população de Propriá (98 km ao norte de Aracaju) encontra o posto de serviço da Telemar na cidade.
A última atendente do local assinou a rescisão do contrato de trabalho na semana passada. Marilene de Souza era concursada da Telergipe -estatal que operava a telefonia em Sergipe. Depois da privatização, passou para a Telemar. Trabalhou por 16 anos nas duas empresas.
"As pessoas vão sentir falta do contato corpo a corpo. Esse trabalho de atendimento exige muito carinho. A pessoa vem e quer solução."
Janaína Martins Gadelha, que trabalha em uma banca de jornais ao lado do posto da Telemar, disse que a população continua procurando atendimento. "Pela manhã sempre tem gente na porta."
"A gente vai precisar ir para Aracaju resolver os problemas agora?", indagou o autônomo Manoel Messias Rocha, sem saber que a central da Telemar funciona em Salvador e atende pelo número 104.
Moradores de Propriá ouvidos pela reportagem reclamaram de contas com valores errados e defeitos na linha. "É uma chiadeira, linha cruzada, a ligação mal completa e já cai", disse a recepcionista Andréa da Silva Costa.
Jorge Santos, supervisor da Telemar, disse que o "call center" (104) de Sergipe conta com 52 atendentes. "Começamos com 13 funcionários há 15 dias e já passamos para 52. Nós não deixamos de atender o cliente."
A Telemar, que opera o sistema de telefonia fixa nas regiões Norte, Nordeste e parte da Sudeste do país, decidiu acabar com seus postos de atendimento ao público até o fim do ano e já fechou todos na Bahia, Alagoas e Sergipe. Os serviços foram concentrados na central de atendimento telefônico ("call center") em Salvador.
A ex-atendente Marilene de Souza ganhava R$ 456, mais vale-refeição (25 no valor de R$ 8 cada) e plano de saúde. Formada em pedagogia, está dando aulas de alfabetização em uma escola estadual e recebendo R$ 300.
O instalador de telefones Erivaldo Tavares Oliveira virou caminhoneiro. "É um trabalho mais perigoso. Nem sempre o salário equivale ao que eu ganhava (cerca de R$ 600).
Depois de demitido, abriu um posto telefônico em Propriá -que, com 32 mil habitantes, é a quinta maior cidade do Estado.
A mulher dele, Angélica Porto Nunes, disse que lucram pouco com o serviço.
Duas ex-telefonistas da empresa também abriram postos telefônicos na cidade.Todos foram autorizados pela Telemar. Maria Claudeci Prata divide o espaço do posto com uma lanchonete, uma loja de miudezas e máquinas copiadoras.


Colaborou Eduardo de Oliveira, da Agência Folha

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