|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fazenda de ministro
traz 1º orelhão a vila
da Sucursal de Brasília
O aposentado Albino Batista
Ferreira, 76, mora a menos de um
quilômetro da fazenda de Pimenta da Veiga, o ministro das Comunicações. Mesmo assim, Ferreira
não consegue se comunicar com
suas filhas, que vivem em Goiânia
(GO).
Ferreira é um dos 6.000 habitantes do Jardim ABC, distrito de Cidade Ocidental, na divisa de
Goiás com o Distrito Federal, a
apenas 40 km do Plano Piloto da
capital federal.
A localidade não tem nenhum
telefone fixo. Aqueles que têm celular sofrem com a falta de sinal,
já que não há antenas de operadoras na região.
Apenas há 15 dias a vila rompeu
o isolamento total. Graças à influência de Pimenta da Veiga, a cidade ganhou o primeiro telefone
público e um posto dos Correios.
"Quando o Pimenta assumiu o
ministério nossa vida mudou. Ele
conseguiu telefone e posto dos
Correios. Em um ano, ele trouxe
mais benefícios para cá do que a
cidade tinha nos últimos 30
anos", declarou Ferreira, que é o
morador mais velho na cidade,
desde o final da década de 70 no
Jardim ABC.
"O ministro tem muitos funcionários que moram na vila, por isso tenta ajudar", relata.
Fazenda
Pimenta da Veiga é o morador
ilustre do Jardim ABC. Sua fazenda, São Bento do Tesouro, fica a
500 metros do núcleo urbano.
O ministro costuma passar os
finais de semana no local. Para
não ficar isolado, Pimenta instalou na fazenda um telefone rural,
operado a bateria, que muitas vezes sai do ar.
Há 15 dias, o ministro das Comunicações foi tratado como herói no Jardim ABC, no dia do lançamento do primeiro orelhão da
cidade.
Metas
Mesmo usufruindo dos primeiros benefícios da vizinhança famosa, o Jardim ABC é um exemplo do não-cumprimento das metas da Anatel. Pelo plano de metas, todos os vilarejos com mais de
mil habitantes, em qualquer lugar
do Brasil, já deveriam ter telefonia
fixa. No Jardim ABC, as primeiras
linhas serão instaladas em junho.
A meta prega também a existência de um orelhão a cada 800 metros. Nos cinco quilômetros da
área urbana, há apenas um telefone público, que vive lotado. "É um
sufoco conseguir fazer uma ligação, é fila o dia inteiro", reclama o
soldado da PM Divino Soares,
que trabalha no posto onde fica o
orelhão solitário.
O posto da PM é outro exemplo
da falha no cumprimento das metas. Pelo plano da Anatel, todos
prédios de polícia, escolas e hospitais devem ter telefone público.
No Jardim ABC, alunos, professores, policiais e médicos não conseguem se comunicar.
O satisfeito
Nesse cenário de caos, alguns vizinhos de Pimenta da Veiga ainda
conseguem lucrar com a falta de
telefones. É o caso do comerciante
Antenor Raposeiras, que tem um
bar e um mercadinho na entrada
da cidade.
Dono de um telefone celular,
Raposeiras anota os pedidos de
todos os outros comerciantes da
pequena vila e os repassa para as
distribuidoras de bebidas e alimentos de Brasília, que fazem as
entregas no Jardim ABC uma vez
por semana.
Pela intermediação nos negócios, o comerciante ganha uma
comissão. "Se o sistema de comunicação da cidade fosse melhor,
meu lucro seria menor", admitiu
Raposeiras. "Acho que vou perder dinheiro com a chegada dos
telefones."
A assessoria de imprensa de Pimenta da Veiga disse que ele não
comentaria o assunto.
A Telebrasília, responsável pela
telefonia no Jardim ABC, disse
que teve problemas técnicos que
atrasaram as obras de instalação.
A previsão da empresa é que o sistema de telefonia no local esteja
em funcionamento em junho.
(OTÁVIO CABRAL)
Texto Anterior: Disque 104: Telemar fecha postos de atendimento Próximo Texto: Fechar unidade é modernizar, diz Telemar Índice
|