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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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Para a Febraban, juro futuro explica aumento

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento dos juros cobrados pelos bancos para pessoas físicas e jurídicas em março, divulgado ontem pelo Banco Central, foi consequência da elevação das taxas futuras de juros durante o mês, de acordo com a Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos).
Para o economista-chefe da federação, Roberto Luis Troster, o fato de a taxa Selic ter se mantido em 26,5% em março não deve necessariamente ter como consequência a manutenção dos juros cobrados pelos bancos. "Do início do ano para cá, os juros futuros vêm aumentando. Em fevereiro, por exemplo, os juros para março aumentaram de 25,70% para 26,81%. Com o custo maior do dinheiro, os bancos tiveram que aumentar as taxas", afirmou.
Troster criticou o levantamento do BC, que em sua opinião falha por levar em conta apenas as informações sobre recursos livres, ou seja, sobre o crédito concedido sem destinação prévia.
"Os recursos livres são os que têm juros maiores. Sem levar em conta os recursos direcionados, ou seja, os juros do crédito imobiliário ou rural, por exemplo, que são menores do que os livres, o levantamento do Banco Central não fica tão representativo", disse.
A pesquisa do BC mostra que que a taxa de juros bancários subiu mais de um ponto percentual em março para consumidores e empresas, passando de 56,5%, em fevereiro, para 57,8%.
Os dados mostram que o "spread" bancário (a diferença entre as taxas de captação e as cobradas pelos bancos) foi o principal responsável pela alta: de 32%, em fevereiro, passou para 33%, no mês passado.
Os bancos aumentaram as taxas, mas não enfrentam problemas para captar recursos externos: até o momento, as captações já passam de US$ 6 bilhões no ano. Em todo o segundo semestre do ano passado, o número foi de US$ 3,7 bilhões.
Na avaliação da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), os juros praticados pelo mercado sufocam a atividade industrial do país.
"Mesmo com um câmbio mais baixo, o setor industrial não consegue reagir. O crédito não aumenta, as fontes de financiamento são escassas e não há estímulo para a realização de investimentos", afirma Clarice Messer, diretora da Fiesp.
Segundo a entidade, por conta dessas dificuldades a perspectiva de crescimento para a indústria brasileira em 2003 é de 1,5%.


Colaborou CÍNTIA CARDOSO, da Reportagem Local


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