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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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Taxa alta não reduz empréstimos

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A escalada das taxas de juros não foi suficiente para inibir a procura por empréstimos. Pelo contrário: o volume de crédito pessoal concedido pelas instituições financeiras cresceu nos últimos meses.
Em março deste ano, segundo o Banco Central, o volume médio diário de concessões de crédito pessoal ficou em R$ 160 milhões, montante 9% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Em dezembro de 2002, foi de apenas R$ 118 milhões a média diária de crédito concedido para esse segmento.
As taxas de juros cobradas nas operações de crédito pessoal saltaram da média de 83,7% em fevereiro de 2002 para 98,9% anuais em fevereiro deste ano, segundo a Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).
"A inflação tem corroído o poder de compra das pessoas, o que obriga muita gente a se endividar cada vez mais", afirma o analista financeiro Alan Marinovic, da ABM Consulting.
Para Marinovic, as pessoas têm preferido procurar o crédito pessoal a usar o cheque especial, que cobra, na média, taxas mais elevadas.
No caso de pessoas jurídicas, houve forte crescimento na concessão de crédito no mês passado. A média diária de crédito concedido para empresas em março ficou em R$ 2,63 bilhões, volume 24% superior à média registrada no mesmo mês do ano passado.

Dívidas
O nível de inadimplência neste ano não cresceu na mesma proporção da liberação de empréstimos. Nas operações de crédito pessoal com prazo de vencimento superior a 90 dias, o percentual de inadimplência em março ficou em 8,2%, contra 9% em igual período do ano passado, como mostram dados do BC.
"Como as pessoas estão se endividando mais e vendo seu poder aquisitivo ser engolido pela crescente inflação, esses níveis de inadimplência podem até aumentar nos próximos meses", diz Marinovic.
O percentual de inadimplência entre as empresas também recuou um pouco neste ano. Em fevereiro do ano passado, a taxa ficou em 4,9% do total, recuando para 4,5% em fevereiro deste ano.

Expansão
Apesar do recente crescimento na concessão de crédito, a expansão do volume total de operações tem acontecido em um ritmo inferior ao de anos anteriores.
Entre janeiro de 2000 e janeiro de 2001, o volume total de operações de crédito pessoal (novas concessões somadas ao estoque) saltou de R$ 9,1 bilhões para R$ 16,4 bilhões, segundo a Acrefi. Em janeiro do ano passado, esse volume era de R$ 22,8 bilhões e em março deste ano estava em R$ 25,4 bilhões.
Para José Arthur Lemos de Assunção, vice-presidente da Acrefi, se os juros não se mantiverem em patamares tão elevados quanto os atuais, "há espaço para que as concessões de crédito cresçam de forma mais expressiva nos próximos meses, como aconteceu nos anos anteriores a 2002".

Retração
Já as operações de financiamento imobiliário têm sofrido considerável retração neste ano. Em março, o volume total de financiamento imobiliário para pessoa física ficou em R$ 1,66 bilhão. Um ano antes, esse montante foi de R$ 1,87 bilhão.
Desde maio do ano passado, o volume total de operações realizadas nesse segmento tem caído mês a mês.


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