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Taxa alta não reduz empréstimos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A escalada das taxas de juros
não foi suficiente para inibir a
procura por empréstimos. Pelo
contrário: o volume de crédito
pessoal concedido pelas instituições financeiras cresceu nos últimos meses.
Em março deste ano, segundo o
Banco Central, o volume médio
diário de concessões de crédito
pessoal ficou em R$ 160 milhões,
montante 9% maior do que o registrado no mesmo período do
ano passado. Em dezembro de
2002, foi de apenas R$ 118 milhões
a média diária de crédito concedido para esse segmento.
As taxas de juros cobradas nas
operações de crédito pessoal saltaram da média de 83,7% em fevereiro de 2002 para 98,9% anuais
em fevereiro deste ano, segundo a
Acrefi (Associação Nacional das
Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).
"A inflação tem corroído o poder de compra das pessoas, o que
obriga muita gente a se endividar
cada vez mais", afirma o analista
financeiro Alan Marinovic, da
ABM Consulting.
Para Marinovic, as pessoas têm
preferido procurar o crédito pessoal a usar o cheque especial, que
cobra, na média, taxas mais elevadas.
No caso de pessoas jurídicas,
houve forte crescimento na concessão de crédito no mês passado.
A média diária de crédito concedido para empresas em março ficou em R$ 2,63 bilhões, volume
24% superior à média registrada
no mesmo mês do ano passado.
Dívidas
O nível de inadimplência neste
ano não cresceu na mesma proporção da liberação de empréstimos. Nas operações de crédito
pessoal com prazo de vencimento
superior a 90 dias, o percentual de
inadimplência em março ficou
em 8,2%, contra 9% em igual período do ano passado, como mostram dados do BC.
"Como as pessoas estão se endividando mais e vendo seu poder
aquisitivo ser engolido pela crescente inflação, esses níveis de inadimplência podem até aumentar
nos próximos meses", diz Marinovic.
O percentual de inadimplência
entre as empresas também recuou um pouco neste ano. Em fevereiro do ano passado, a taxa ficou em 4,9% do total, recuando
para 4,5% em fevereiro deste ano.
Expansão
Apesar do recente crescimento
na concessão de crédito, a expansão do volume total de operações
tem acontecido em um ritmo inferior ao de anos anteriores.
Entre janeiro de 2000 e janeiro
de 2001, o volume total de operações de crédito pessoal (novas
concessões somadas ao estoque)
saltou de R$ 9,1 bilhões para R$
16,4 bilhões, segundo a Acrefi. Em
janeiro do ano passado, esse volume era de R$ 22,8 bilhões e em
março deste ano estava em R$
25,4 bilhões.
Para José Arthur Lemos de Assunção, vice-presidente da Acrefi,
se os juros não se mantiverem em
patamares tão elevados quanto os
atuais, "há espaço para que as
concessões de crédito cresçam de
forma mais expressiva nos próximos meses, como aconteceu nos
anos anteriores a 2002".
Retração
Já as operações de financiamento imobiliário têm sofrido considerável retração neste ano. Em
março, o volume total de financiamento imobiliário para pessoa
física ficou em R$ 1,66 bilhão. Um
ano antes, esse montante foi de R$
1,87 bilhão.
Desde maio do ano passado, o
volume total de operações realizadas nesse segmento tem caído
mês a mês.
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