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DE VOLTA AO MERCADO
País vende US$ 1 bilhão em títulos
Lançamento de papéis no exterior facilita empréstimos a empresas
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A colocação de US$ 1 bilhão em
títulos com vencimento em 2007,
feita ontem pelo governo, amplia
o espaço para o setor privado captar recursos no mercado internacional, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Mas empresas e bancos ainda
deverão se financiar lá fora a um
custo alto e por prazos não superiores a 18 meses, segundo analistas. "A operação bem-sucedida
feita pela República estimula um
mercado que tem estado conservador e retraído a ficar mais favorável para captações privadas brasileiras. Mas não vejo possibilidade de se obter prazos maiores",
diz Ernesto Meyer, diretor do
banco BNP Paribas.
Para garantir o sucesso da operação fechada ontem, dizem os
analistas, o governo pagou um
preço excessivo ao investidor
-juros de 10,7% ao ano. No mercado secundário de títulos da dívida de países emergentes, os papéis brasileiros com prazo de vencimento semelhante são negociados com juros de 9,5% ao ano.
"Se o governo tivesse apertado
no preço, talvez a operação não tivesse tanto sucesso", ressalva Luiz
Maurício Jardim, diretor de tesouraria internacional do Unibanco.
Na sua opinião, "o Brasil precisava de uma operação de sucesso
para reentrar no mercado internacional de bonds". Ontem, o
Unibanco encerrou uma captação de US$ 75 milhões em eurobônus com prazo de 18 meses.
Segundo Jardim, a emissão de
títulos da República ajudou a operação aberta pelo banco na quinta-feira passada. "Estávamos tentando nossa primeira captação
com prazo superior a 12 meses
neste ano", diz.
Segundo ele, a operação do governo permitirá ao setor privado
esticar os vencimentos de suas
captações, até então limitadas a
um ano. Mas Armando Placco,
diretor da Sul América Investimentos, diz que os maiores beneficiados com a abertura do crédito
externo ainda serão os bancos.
"A volta do fluxo de capitais para as empresas depende da retomada da economia e das vendas
internas", diz ele.
Além disso, segundo Meyer, as
empresas continuarão pagando
taxas bem superiores às pagas pelos bancos em suas captações,
pois são vistas como de maior risco.
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