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O VÔO DA ÁGUIA
Avanço fica abaixo do previsto, mas indica crescimento sustentável; reajuste nos preços pressiona taxa de juros
PIB cresce 4,2% e inflação sobe nos EUA
DA REDAÇÃO
A economia norte-americana
registrou um sólido avanço no
primeiro trimestre do ano, ainda
que o ritmo tenha ficado um pouco abaixo das expectativas.
Já a inflação subiu no período
bem mais do que o previsto, ampliando a perspectiva de aumento
na taxa de juros.
De acordo com números divulgados ontem pelo Departamento
de Comércio dos EUA, o PIB
(Produto Interno Bruto) cresceu a
uma taxa anualizada de 4,2% nos
três primeiros meses deste ano.
A expectativa dos analistas econômicos de Wall Street era de um
avanço de 5%. Nos últimos três
meses do ano passado, a taxa havia ficado em 4,1%.
Apesar de o indicador ter ficado
abaixo das estimativas, os economistas disseram que isso ocorreu
porque a formação de estoques ficou um pouco abaixo do previsto.
Para os analistas, isso não chega a
ser negativo, porque as prateleiras
terão que ser repostas mais cedo
ou mais tarde, e isso acaba impulsionando a atividade.
"A economia se estabilizou em
um passo sustentável, que se auto-alimenta", afirmou Sung Won
Sohn, economista-chefe do banco
americano Wells Fargo.
A taxa anualizada de 4,2% significa que a economia cresceu
1,02% na comparação com o trimestre anterior. Os EUA tradicionalmente divulgam os dados do
PIB em termos anualizados.
Os gastos das famílias, que representam aproximadamente
dois terços do total do PIB, tiveram um avanço de 3,8% no período, em termos anualizados, ante
3,2% no período anterior. Já as
vendas de bens duráveis, como
carros, caíram 4,7%, o primeiro
recuo em quase quatro anos.
A ação militar no Iraque segue
impulsionando as despesas públicas. Os gastos em defesa saltaram
15,1%, ante uma taxa anualizada
de 3% no período anterior.
Os números do PIB ainda vão
passar por pelo menos duas revisões, a primeira delas no mês que
vem. No atual trimestre, o país deverá crescer entre 4,5% e 5%, de
acordo com a maior parte das
projeções.
"A base de nossa economia é sólida, e a tendência é de fortalecimento", disse o secretário do Tesouro, John Snow. De acordo com
o secretário, o crescimento deverá
se traduzir em mais empregos nos
próximos meses.
O governo George W. Bush torce para que a recuperação econômica consiga realmente diminuir
o desemprego. Essa questão, junto com o Iraque, promete ser o
principal tema da campanha de
John Kerry, democrata que tentará impedir a reeleição de Bush.
Apesar dos bons números de
ontem, Kerry criticou a política
econômica do governo e lembrou
que o país perdeu mais de 2 milhões de empregos desde que
Bush assumiu a Casa Branca, em
2001. As eleições dos EUA ocorrem em novembro.
Inflação assusta
O índice do deflator, que serve
para atualizar os valores utilizados no cálculo do PIB, apresentou
uma taxa anualizada de 2,5% no
primeiro trimestre. Isso significa
que houve uma aceleração no reajuste de preços.
Nos últimos dois anos, a inflação havia permanecido sob controle, em níveis historicamente
baixos. Em 2003, o deflator ficou
em 1,7% e, em 2002, em 1,5%.
A inflação medida pelo núcleo
dos gastos de consumo pessoal
(PCE, na sigla em inglês) praticamente dobrou no período. Esse é
o principal índice de inflação observado por Alan Greenspan, o
presidente do Federal Reserve
(banco central dos EUA).
O núcleo (em que não entram
os preços de alimentos e energia)
ficou em 2% no trimestre, em termos anualizados. No quarto trimestre do ano passado, tinha sido
de 1,2% e, no trimestre anterior,
de apenas 1%.
Todos os índices de inflação ficaram acima das expectativas, e o
mercado reagiu pressionando as
taxas futuras de juros. Os títulos
de dez anos do Tesouro, os mais
negociados, pagavam ontem
4,54% de juros ao ano. Há um
mês, o rendimento estava abaixo
de 4%. As Bolsas fecharam em
queda. "O aumento no núcleo é
particularmente problemático,
porque, para alguns, 2% seria o
teto informal do Fed", afirmou
Chris Low, economista-chefe da
FTN Financial. O BC dos EUA
não adota uma meta explícita.
Olho no Fed
A próxima reunião do comitê
de política monetária do Federal
Reserve ocorrerá na próxima terça-feira. O consenso do mercado
é que o Fed manterá a taxa básica
de juros no atual patamar, de 1%
ao ano, mas, para os analistas, a
instituição deverá sinalizar que
está prestes a aumentar os juros.
As taxas projetadas nos mercados futuros apontam que o Fed
deverá aumentar os juros em
agosto. Alguns analistas apostam
que o aumento possa vir antes, na
reunião de junho.
Em um outro bom indicador divulgado ontem, o número de pedidos de seguro-desemprego voltou a cair. Segundo os analistas, a
economia deverá voltar a criar
empregos de maneira mais acelerada nos próximos meses, em decorrência da diminuição da capacidade ociosa.
Com agências internacionais
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