DO "FINANCIAL TIMES"

A moeda chinesa foi negociada ontem por um breve período fora de sua faixa de flutuação estreitamente controlada, o que deflagrou uma onda renovada de boatos no sentido de que o governo estava preparado para autorizar a aguardada valorização cambial.
O movimento inesperado das taxas de câmbio se seguiu a semanas de pressão internacional sobre a China para que permita uma apreciação do yuan. Mas o Banco Popular da China, banco central do país, disse que não tomou nenhuma decisão quanto a alterar sua política cambial.
Um porta-voz da instituição atribuiu a negociação a preços anormais a "problemas técnicos".
Os operadores dizem que o yuan, que tem paridade estreitamente controlada ante o dólar há uma década, foi brevemente negociado à cotação de 8,270 yuan por dólar, acima da faixa usual de 8,276 a 8,280 yuan por dólar.
Os operadores não souberam dizer se a Administração Estatal do Câmbio, agência governamental que processa todas as transações cambiais, havia conduzido operações à taxa mais alta.
Frank Gong, estrategista do JP Morgan em Hong Kong, disse que não se surpreenderia se surgisse um anúncio do banco central chinês sobre o câmbio durante o feriado na China, que dura uma semana e começa amanhã.
"Mas o ponto é que eles estão prontos para fazê-lo e poderiam agir a qualquer minuto", disse. Acrescentou que a cotação mais alta se manteve nas telas por 20 minutos, sinal de que as autoridades poderiam estar testando o mercado "para ver quanta munição seria necessária a fim de conservar tudo sob controle".
Pequim tem enviado fortes sinais, nas últimas semanas, de que concluiu todos os preparativos técnicos para remover o vínculo entre o yuan e a divisa norte-americana e permitir maior flexibilidade no mercado cambial.
Mas o governo também manteve sua política de não comentar sobre qualquer possível cronograma para a mudança.
A situação se tornou mais séria quando o Senado dos Estados Unidos decidiu votar em julho um projeto de lei que imporia tarifa de 27,5% sobre os produtos importados da China, a não ser que Pequim reavaliasse sua política cambial dentro de seis meses.
Um jornal financeiro controlado pela agência oficial de notícias chinesas Xinhua reforçou a sensação de uma mudança iminente de política com um comentário em sua primeira página, dizendo que a questão agora "era a escolha do momento certo".
A movimentação da moeda chinesa ontem fez com que a moeda do Japão, o iene, subisse ante o euro e o dólar ontem. O iene chegou a seu maior valor em cinco semanas ante o dólar e em onze semanas ante o euro.