São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Governo estuda atrelar o rendimento da poupança à Selic

Apesar das fortes resistências políticas dentro do próprio governo, a equipe econômica tem acelerado os estudos para buscar uma solução para a poupança. Há praticamente um consenso na equipe de que a queda do juro torna inevitável mexer no rendimento da poupança, atualmente fixado em TR mais 6%. Hoje, com a Selic em 10,25%, os juros reais estão em cerca de 5,8%.
Nos últimos dias, surgiu uma proposta alternativa que começa a ganhar força dentro da equipe econômica. A de atrelar o rendimento da poupança à Selic, a taxa básica de juros da economia. Ou seja, a poupança passaria a render um percentual da Selic, o que resolveria uma parte do problema.
A ideia conta com a simpatia de muitos integrantes da equipe econômica, mas se esbarra em outro problema: se, eventualmente, os ventos mudarem e o Banco Central for obrigado a novamente subir os juros. O rendimento da poupança iria subir novamente e, de novo, eventualmente, ficar acima de outras aplicações de renda fixa.
Os estudos estão sendo conduzidos na Fazenda pelo secretário Bernard Appy e o martelo ainda não foi batido. Há outras propostas na mesa. Uma delas, por exemplo, que ainda não foi abandonada de vez, é a de tributar os grandes aplicadores com a cobrança do Imposto de Renda -a partir, por exemplo, de aplicações acima de R$ 100 mil. Essa ideia já teve mais força na equipe econômica, mas ainda tem um número grande de adeptos. É a que conta com maior apoio dos políticos.
Há outras alternativas que estão sendo discutidas, como a de recomendar que os próprios bancos recusem grandes aplicações. A ideia pode não ser muito simpática, mas parece não haver empecilhos legais. Os bancos poderiam fazer isso, a partir de uma determinação do governo.
As discussões vão prosseguir nos próximos dias e, se depender da área política do governo, nenhuma decisão sairá tão cedo. O melhor seria empurrar com a barriga até quando for possível.
O maior temor é de a mudança na poupança ser utilizada como forte bandeira da oposição nas eleições presidenciais de 2010.

BARRA PESADA

Dependente dos setores de energia, mineração e siderurgia, o segmento de transporte de cargas superpesadas está pessimista neste ano. "As indústrias de mineração e siderurgia estão paradas, e os atrasos em obras de energia também atrapalham", diz Lupercio Neto, presidente da Irga, especializada em transporte de cargas superdimensionadas, como geradores de termelétricas, reatores e equipamentos de refinarias. "O que vai segurar os negócios neste ano são projetos contratados desde 2008."

BONS VENTOS

Campbell Scientific do Brasil, subsidiária da fabricante americana de equipamentos meteorológicos, está com novo foco de atuação no país: o fornecimento de equipamentos para medição de energia eólica. Até abril, a empresa entregou 11 torres com sistema de monitoramento de ventos para investidores do setor e está com mais 34 projetos em estudo. Em 2008, foram quatro projetos desenvolvidos no ano. Segundo o diretor da Campbell do Brasil, Andrea Dehó, a unidade adaptou os equipamentos para o setor eólico. A perspectiva dele é que o segmento passe de 30% do faturamento em 2008 para 60% em 2009. "Esse setor não era prioritário, até que começaram a surgir boas oportunidades."

PRESENÇA
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz confirmaram presença no evento do 1º de Maio da Força Sindical. A central gastará R$ 2,2 milhões em sua festa, que vai acontecer na praça Campo de Bagatelle, em São Paulo.

GENÉTICA
O Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) e o Ministério do Meio Ambiente publicam nos próximos dias resoluções no "Diário Oficial da União" permitindo que empresas que usam patrimônio genético nacional ou conhecimento de comunidades indígenas na fabricação de seus produtos possam entrar com pedido de patente sem a autorização imediata do Cgen (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético), como ocorre hoje. A medida protege as companhias nacionais que lançam produtos com base em substâncias da flora e da fauna brasileiras.

LOJA
A rede Marisa inaugura três lojas hoje -em Brasília, Guarulhos e Florianópolis.

COBRANÇA
O presidente Lula ficou bastante incomodado com os aumentos no preço do óleo combustível promovidos pela Petrobras, numa hora de crise e de petróleo em queda. Lula chegou a telefonar para José Sergio Gabrielli, presidente da estatal, para reclamar do aumento. Ontem, mais uma federação industrial reclamou do aumento. A Firjan (do Rio) divulgou nota se queixando do reajuste. A Firjan cobrou transparência da Petrobras.

NA HORA DE COMPRAR

A maioria da população brasileira considera pouco as ações sociais feitas pelas empresas na hora de escolher a marca dos produtos que consome. Essa é a conclusão de estudo da GfK, que será divulgado hoje (veja ao lado). Apenas 11% dos brasileiros são muito sensíveis ao tema para consumir. Segundo Mário Mattos, diretor-executivo da GfK Brasil, o percentual considerado ideal é acima de 25% dos consumidores. "Há um grupo pequeno que reage a essas ações. Mas a grande massa ainda é indiferente", afirma.

MÁSCARA
Apesar de toda a tranquilidade que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está querendo transmitir ao país com relação ao contágio da gripe suína, muitas empresas brasileiras estão apavoradas. O receio é tanto que várias delas estão restringindo as viagens de seus executivos ao México.

ESCOLHAS
Na semana passada, o Conar determinou a suspensão do comercial da Claro que anunciava o lançamento dos planos "Claro Escolha". De acordo com a avaliação do órgão, a linha adotada pela Claro pode confundir o consumidor, já que a principal concorrente, a Vivo, já utiliza o nome "Vivo Escolha" para seus planos pós e pré-pagos desde 2006.

CHOCOLATE
A marca francesa de chocolates Valrhona acaba de se desligar da distribuidora Vital no Brasil e vai implantar uma operação comercial direta no país, em parceria com a Polenghi, que faz parte do mesmo grupo da Valrhona.


com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI, CLÁUDIA ROLLI e JULIO WIZIACK


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