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CONJUNTURA
No primeiro trimestre, a alta foi de 1,9% sobre 97; vendas reais da indústria cresceram 5,7%, diz a Fiesp
Atividade industrial sobe 4% em março
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
O primeiro trimestre de 98, para
o qual se esperavam grandes dificuldades para as indústrias, em
decorrência da alta dos juros, não
foi tão ruim quanto o previsto.
A atividade industrial em São
Paulo, medida pelo INA (Indicador de Nível de Atividade), cresceu 4% em março, divulgou ontem a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Com esse resultado, o INA fechou o primeiro trimestre do ano
com alta de 1,9% sobre igual período de 97.
As vendas reais da indústria paulista também aumentaram no período. O crescimento de março sobre fevereiro foi de 7,6%. No trimestre, chegou a 5,7%.
Esses dados já consideram os
efeitos da sazonalidade, segundo
os técnicos do Departamento de
Economia da Fiesp.
"A queda das taxas de juros influenciou a recuperação da indústria paulista em março, mas é difícil medir quanto ela é responsável
por isso", afirmou Boris Tabacof,
diretor do Departamento de Economia da Fiesp.
O crescimento de 4% na atividade industrial em março foi puxado
principalmente pela retomada das
vendas de bens de consumo duráveis, que vinham sofrendo com a
retração da demanda desde o segundo semestre de 97.
De acordo com Tabacof, as vendas de automóveis no mercado interno cresceram 42,8% em março.
A produção de carros aumentou
27,7%, o que significou também
uma redução de estoques.
No caso de eletroeletrônicos de
consumo, as vendas cresceram
35,9%. Os fabricantes de ônibus
comercializaram 60,4% a mais em
março do que em fevereiro.
"O setor de bens de consumo
duráveis começou a se recuperar,
mas ainda está abaixo do nível de
vendas do ano passado", comentou Tabacof.
Por outro lado, segundo o dirigente, os setores ligados à infra-estrutura, como fabricantes de material ferroviário, de telecomunicações e de bens de capital, continuam indo bem.
"As previsões pessimistas de 97
para este início de ano não se confirmaram", reconheceu.
No entanto, de acordo com Tabacof, a entidade prefere não arriscar uma previsão demasiadamente otimista para o resto do
ano.
"Possivelmente as vendas de
bens de consumo duráveis não
continuarão mantendo o atual ritmo, mas isso ainda é uma questão
em aberto", afirmou.
As indústrias de papelão ondulado, por exemplo, estão trabalhando atualmente com 100% da capacidade instalada, disse Tabacof.
O setor fornece matéria-prima
para a indústria de embalagem e é
um termômetro da economia.
No entanto, sondagem informal
da Fiesp revela que os setores de
alimentação, automóveis, autopeças e indústria química podem ter
queda nas vendas em abril.
Previsões
Os diretores da Fiesp não acreditam em novas quedas acentuadas
das taxas de juros. A avaliação,
conforme reunião realizada ontem, é que a TBC (taxa básica) ficará entre 20% e 21%.
A necessidade de manutenção
do cupom cambial (rentabilidade
das aplicações em real) deverá
manter os juros elevados.
O alto nível de inadimplência
também deve contribuir para a
manutenção dos juros em patamares altos.
Por outro lado, os dirigentes da
Fiesp acreditam que o país terá, ao
final deste mês, cerca de US$ 75
bilhões em reservas, um nível considerado "confortável".
A Fiesp trabalha com a previsão
de déficit comercial de US$ 5 bilhões em 98 e déficit em conta corrente de US$ 30 bilhões.
Com a inflação baixa e desvalorização cambial de 7,5%, haverá incentivo para as exportações brasileiras, avaliou Tabacof.
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