São Paulo, quinta, 30 de abril de 1998

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AGRICULTURA
Produção ficará abaixo dos 81 milhões de toneladas e frustra previsão de colheita recorde do governo
Seca provoca quebra de 57% na safra do NE

da Sucursal de Brasília

A região Nordeste sofrerá uma quebra de 57,4% na safra agrícola que está sendo colhida neste ano, em função da seca agravada pelo fenômeno climático El Niño.
Segundo as expectativas do Ministério da Agricultura, porém, a quebra chegará a 80% em sete Estados da região: Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará.
Foi divulgado ontem o último levantamento da safra 97/98, que mostra que a expectativa de colher uma safra agrícola recorde foi frustrada pelos efeitos do El Niño (aquecimento das águas do Pacífico que altera a temperatura).
O documento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostra que a produção 97/98 ficará em 78,226 milhões de toneladas de grãos, 0,2% inferior à safra anterior (78,421 milhões).
Os últimos dados colhidos no campo, em fevereiro, indicavam que a colheita ficaria próxima a 81 milhões de toneladas. A expectativa era ultrapassar o recorde obtido na safra 94/95, quando foram colhidos 81,6 milhões de toneladas.
O El Niño provocou aumento de chuvas no Sul do país e seca no Nordeste. Nesta região, a produção deverá ser de 3,83 milhões de toneladas de grãos. Em condições normais, o Nordeste produziria 9 milhões de toneladas.
Na região, os produtos mais afetados foram o feijão (queda de 69,8% em relação à safra anterior), o algodão (61,6%) e o milho (47,3%).
No país, a maior quebra será na colheita do feijão, por causa da seca em Irecê (Bahia). A produção será 21,9% inferior ao levantamento de fevereiro. Era estimada uma colheita de 2,89 milhões de toneladas, mas a produção ficará em 2,26 milhões de toneladas.
A safra de arroz será reduzida em 9,2% por causa do excesso de chuvas na região Sul.
O único produto que terá um desempenho positivo, em relação ao último levantamento feito pela Conab, é a soja, com crescimento de 1,4% da produção. O país vai colher 31,35 milhões de toneladas, o que representa um recorde.
Enquanto a área plantada de milho caiu 14,2% em todo o país, a área da soja aumentou 15,4%.
O ministro Francisco Turra (Agricultura) disse que a redução da colheita de milho e de arroz "é preocupante". O governo será forçado a importar mais. No caso do milho, o Brasil deverá comprar 1 milhão de toneladas.
O problema da importação do arroz é que o Brasil depende da produção argentina, que também terá uma quebra neste ano. Com isso, os preços devem aumentar.



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