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AGRICULTURA
Produção ficará abaixo dos 81 milhões de toneladas e frustra previsão de colheita recorde do governo
Seca provoca quebra de 57% na safra do NE
da Sucursal de Brasília
A região Nordeste sofrerá uma
quebra de 57,4% na safra agrícola
que está sendo colhida neste ano,
em função da seca agravada pelo
fenômeno climático El Niño.
Segundo as expectativas do Ministério da Agricultura, porém, a
quebra chegará a 80% em sete Estados da região: Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará.
Foi divulgado ontem o último levantamento da safra 97/98, que
mostra que a expectativa de colher
uma safra agrícola recorde foi
frustrada pelos efeitos do El Niño
(aquecimento das águas do Pacífico que altera a temperatura).
O documento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostra que a produção 97/98
ficará em 78,226 milhões de toneladas de grãos, 0,2% inferior à safra anterior (78,421 milhões).
Os últimos dados colhidos no
campo, em fevereiro, indicavam
que a colheita ficaria próxima a 81
milhões de toneladas. A expectativa era ultrapassar o recorde obtido
na safra 94/95, quando foram colhidos 81,6 milhões de toneladas.
O El Niño provocou aumento de
chuvas no Sul do país e seca no
Nordeste. Nesta região, a produção deverá ser de 3,83 milhões de
toneladas de grãos. Em condições
normais, o Nordeste produziria 9
milhões de toneladas.
Na região, os produtos mais afetados foram o feijão (queda de
69,8% em relação à safra anterior),
o algodão (61,6%) e o milho
(47,3%).
No país, a maior quebra será na
colheita do feijão, por causa da seca em Irecê (Bahia). A produção
será 21,9% inferior ao levantamento de fevereiro. Era estimada
uma colheita de 2,89 milhões de
toneladas, mas a produção ficará
em 2,26 milhões de toneladas.
A safra de arroz será reduzida
em 9,2% por causa do excesso de
chuvas na região Sul.
O único produto que terá um desempenho positivo, em relação ao
último levantamento feito pela
Conab, é a soja, com crescimento
de 1,4% da produção. O país vai
colher 31,35 milhões de toneladas,
o que representa um recorde.
Enquanto a área plantada de milho caiu 14,2% em todo o país, a
área da soja aumentou 15,4%.
O ministro Francisco Turra
(Agricultura) disse que a redução
da colheita de milho e de arroz "é
preocupante". O governo será forçado a importar mais. No caso do
milho, o Brasil deverá comprar 1
milhão de toneladas.
O problema da importação do
arroz é que o Brasil depende da
produção argentina, que também
terá uma quebra neste ano. Com
isso, os preços devem aumentar.
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