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COPOM
Mas "arrefecimento" da economia segura repasse do câmbio para preços, diz BC
Dólar e risco Brasil em alta detiveram corte de juros
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os diretores do Banco Central chegaram à conclusão, na reunião
do Copom (Comitê de Política Monetária) da semana passada,
de que os juros básicos da economia devem ser reduzidos. Mas
discordaram sobre o momento
em que isso deveria ser feito. Por
isso decidiram manter os juros
em 18,5% ao ano, conforme informou a ata da reunião do Copom
divulgada ontem.
A ata mostra que o BC aumentou sua projeção de inflação para
o ano. Passou de 4,5% a 5%, previsão da ata de abril, para "um
pouco acima de 5%", devido
"quase que exclusivamente" ao
impacto que a recente alta do dólar terá sobre os preços. Estimou
ainda um reajuste maior na tarifa
de energia neste ano.
Mas o cenário econômico traçado na ata e o placar da decisão (5 a
3) reforçam a percepção do mercado de que a retomada da redução dos juros deve vir em junho.
A maioria considerou que "o
balanço dos riscos" -piora do
risco-país, depreciação do real e
proximidade das projeções de inflação ao teto da meta para o
ano- impedia um corte dos juros neste mês.
No documento, o BC dirimiu o
impacto negativo dos três fatores
que compuseram o "balanço de
riscos".
Primeiro, afirmou que o "arrefecimento" da recuperação da atividade econômica deve dificultar
o repasse da alta do dólar para os
preços, fazendo com que o impacto sobre a inflação seja "menor do que o usualmente previsto". Além disso, "os agentes econômicos" teriam percebido a recente depreciação do real como
algo temporário, o que inibiria o
aumento de preços.
O PIB caiu pelo segundo trimestre seguido. Nos primeiros três
meses do ano, o PIB caiu 0,73%
sobre igual período de 2001.
Em segundo lugar, os diretores
da instituição calculam que, mesmo que o repasse do dólar para os
preços seja maior do que esperam, a inflação ficará abaixo do
teto superior da meta para o ano,
de 5,5% medidos pelo IPCA.
Na ata, eles destacaram que as
expectativas de inflação do mercado financeiro coletadas pelo BC
continuam a apontar uma taxa
abaixo do limite superior da meta.
No boletim Focus da sexta passada, a média das projeções de mercado era de 5,46%.
Os membros do Copom consideraram que "a trajetória projetada de queda da inflação para 2002
e 2003 estimada pelo BC, e reforçada pelas expectativas de mercado, recomendaria uma retomada
do processo de flexibilização da
política monetária".
Quanto ao risco-país (taxa de
juros que os certificados de dívida
do governo pagam acima do rendimento dos títulos do Tesouro
americano), o BC entende que a
atual taxa não reflete "os bons
fundamentos do setor externo".
A instituição citou como exemplo o fato de o déficit em conta
corrente (diferença entre transações comerciais e financeiras do
Brasil com o mundo) no acumulado de 12 meses encerrado em
abril, de US$ 19,4 bilhões, ter sido
totalmente financiado pelo ingresso líquido de investimentos
diretos estrangeiros na economia
no período, de US$ 22,4 bilhões.
Por isso, o BC avalia que o risco-país tende a cair.
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