São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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Analistas têm certeza de que taxa vai baixar

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A mensagem que o Banco Central enviou ontem ao divulgar a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) foi clara: os juros voltarão a cair. Essa foi a leitura unânime que economistas e analistas fizeram do documento.
"Essa foi a ata do Copom mais explícita que me lembro de ter lido. A dúvida não é mais se o BC vai cortar os juros, mas quando", disse José Antônio Pena, economista-chefe do BankBoston.
Pena e outros analistas, no entanto, concordam que é provável que o esperado corte aconteça já na próxima reunião, em junho.
"O centro da inflação começou a cair, os preços do petróleo se estabilizaram e o BC se mostrou preocupado com a fraca atividade econômica. Por isso, acredito que o corte aconteça em junho", afirmou André Loes, economista-chefe do Santander.
Segundo Pena, a partir de agora a política monetária encosta em um ponto em que passa a ter mais efeito sobre a inflação de 2003 do que sobre a deste ano. Como a ata divulgada ontem mostra que o BC está tranquilo em relação ao comportamento da inflação em 2003, ele acredita que essa é mais uma razão para que os juros caiam agora.
A possibilidade de que a inflação ultrapasse o teto de 5,5% da meta estabelecida pelo BC também começa a produzir consenso no mercado. Para os economistas, há grande risco de que isso acontecerá neste ano, repetindo o que já havia se passado em 2001. O próprio BC reviu, nesta última ata, sua previsão de inflação para 2002 de 4,5% para algo "um pouco acima de 5%".
"Existe o risco, bastante razoável, de que o teto da meta seja rompido pelo segundo ano consecutivo", disse Alexandre Schwartsman, economista-chefe da BBA Corretora, que estima o IPCA de 5,4% para este ano.
Os analistas divergem, no entanto, sobre qual deveria ser o comportamento do BC diante do risco de que a meta seja estourada novamente.
"O risco de estourar a meta pode impor um grande custo em termos de credibilidade para o BC e acho que a credibilidade tem de prevalecer sobre a flexibilidade do modelo", disse Schwartsman. Para o analista, esse risco até justificaria a manutenção da política conservadora do BC.
Loes, do Santander, trabalha com a estimativa de inflação, medida pelo IPCA, de 5,3% neste ano e admite que poderá revê-la para cima de acordo com os preços do petróleo. Mas o economista acha que, independentemente disso, o BC deve cortar os juros agora por causa da fragilidade da economia.
"Acho, na verdade, que essa meta já deveria ter sido flexibilizada no ano passado, depois de todos aqueles choques de preços", disse o economista.



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