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Analistas têm certeza de que taxa vai baixar
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A mensagem que o Banco Central enviou ontem ao divulgar a
ata da última reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária)
foi clara: os juros voltarão a cair.
Essa foi a leitura unânime que
economistas e analistas fizeram
do documento.
"Essa foi a ata do Copom mais
explícita que me lembro de ter lido. A dúvida não é mais se o BC
vai cortar os juros, mas quando",
disse José Antônio Pena, economista-chefe do BankBoston.
Pena e outros analistas, no entanto, concordam que é provável
que o esperado corte aconteça já
na próxima reunião, em junho.
"O centro da inflação começou
a cair, os preços do petróleo se estabilizaram e o BC se mostrou
preocupado com a fraca atividade
econômica. Por isso, acredito que
o corte aconteça em junho", afirmou André Loes, economista-chefe do Santander.
Segundo Pena, a partir de agora
a política monetária encosta em
um ponto em que passa a ter mais
efeito sobre a inflação de 2003 do
que sobre a deste ano. Como a ata
divulgada ontem mostra que o BC
está tranquilo em relação ao comportamento da inflação em 2003,
ele acredita que essa é mais uma
razão para que os juros caiam
agora.
A possibilidade de que a inflação ultrapasse o teto de 5,5% da
meta estabelecida pelo BC também começa a produzir consenso
no mercado. Para os economistas,
há grande risco de que isso acontecerá neste ano, repetindo o que
já havia se passado em 2001. O
próprio BC reviu, nesta última
ata, sua previsão de inflação para
2002 de 4,5% para algo "um pouco acima de 5%".
"Existe o risco, bastante razoável, de que o teto da meta seja
rompido pelo segundo ano consecutivo", disse Alexandre
Schwartsman, economista-chefe
da BBA Corretora, que estima o
IPCA de 5,4% para este ano.
Os analistas divergem, no entanto, sobre qual deveria ser o
comportamento do BC diante do
risco de que a meta seja estourada
novamente.
"O risco de estourar a meta pode impor um grande custo em termos de credibilidade para o BC e
acho que a credibilidade tem de
prevalecer sobre a flexibilidade do
modelo", disse Schwartsman. Para o analista, esse risco até justificaria a manutenção da política
conservadora do BC.
Loes, do Santander, trabalha
com a estimativa de inflação, medida pelo IPCA, de 5,3% neste ano
e admite que poderá revê-la para
cima de acordo com os preços do
petróleo. Mas o economista acha
que, independentemente disso, o
BC deve cortar os juros agora por
causa da fragilidade da economia.
"Acho, na verdade, que essa
meta já deveria ter sido flexibilizada no ano passado, depois de todos aqueles choques de preços", disse o economista.
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