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LUÍS NASSIF
As mudanças no futebol
Vice-presidente de futebol do Corinthians, conselheiro do Tribunal de Contas do
Estado de São Paulo, Antonio Roque Citadini tem uma boa visão crítica do projeto de lei -que poderá virar medida provisória- de profissionalização
do futebol brasileiro. É um ângulo interessante, que poderá
enriquecer o debate.
Primeiro, os pontos de convergência. Citadini defende a separação entre futebol e a parte social dos clubes. É a favor da ampla transparência dos números,
inclusive com publicação de balanços auditados.
Os pontos de discordância são
quanto às propostas da lei, de
enquadrar os clubes na legislação comercial. O mero enquadramento não é garantia de boa
e sã administração, diz Citadini. Além disso, a gestão de um
clube é diferente da gestão de
uma empresa. Por exemplo, como se contabiliza o valor de um
jogador? A economia do futebol
exige um conjunto de normas
especiais, diferentes das empresas comerciais. O mero enquadramento na legislação comercial não resolve, mesmo porque
a falta de transparência afeta
também as empresas, diz Citadini.
Outra crítica é quanto à separação pura e simples do futebol
em relação à parte social, impondo as normas de transparência apenas ao futebol profissional, com exigências para a
manutenção de benefícios fiscais. Cria-se uma situação de
privilégio para o clube que não
dispõe de futebol. Na opinião de
Citadini, as normas de transparência e regulação devem se
aplicar a todos os clubes, independentemente de ter ou não
futebol.
Além disso, deve haver tratamento diferenciado para os clubes que mantêm escolinhas para crianças e outros que se atêm
ao futebol de adultos, diz.
Outra crítica ao projeto é a total ausência de uma agenda positiva para os clubes. Com todos
os problemas de gestão, diz Citadini, foram os clubes que garantiram a vitalidade do futebol
brasileiro. América do Sul e
África revelam bons jogadores
de futebol, diz. Na África, tudo
fica nas mãos de empresários
que pegam adolescentes e levam
para a Europa, devido à ausência de clubes, que são as instituições que juntam torcedores, sócios e jogadores.
Ele toma como exemplo seu
clube, o Corinthians. Necessita
de US$ 50 milhões para construir um estádio de futebol, mas
jamais os obteria no BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). E,
sem equipamento adequado,
haveria dificuldade para atrair
investidores.
Mas é óbvio que, com a profissionalização dos clubes, a oferta
de financiamento será automática, ainda mais para uma atividade com receita previsível, como é a de um estádio de futebol.
Outro ponto relevante é que, à
medida que ocorram a profissionalização e a boa governança corporativa e que se consiga
rentabilizar o negócio, abre-se
espaço para a entrada de investidores.
"Offshore"
Está havendo enorme confusão das associações que representam emissoras de televisão
em relação ao "offshore" -ou
seja, a imposição de contrapartidas aos fabricantes de equipamentos, na definição do padrão
de televisão digital no Brasil.
Basta definir as condições para
ambos os lados, ou seja, a necessidade de trazer a tecnologia e
ajudar na criação de um pólo de
exportação. Igualadas as condições, escolhe-se o padrão técnico
mais adequado.
E-mail - lnassif@uol.com.br
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