São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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CONJUNTURA

Entidade vê economia "andando de lado" e critica juros em 18,5%

Indústria de SP não cresce, diz Fiesp

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria paulista não cresceu nada em abril em relação ao mesmo período de 2001. Em comparação a março, a expansão (de 0,5%) foi classificada como "fraca e pouco consistente" pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que divulgou ontem os dados do INA (Indicador do Nível de Atividade).
Para a entidade, a economia está "andando de lado". Há a expectativa de que esse clima de morosidade continue até o início de 2003 -a decisão de não reduzir os juros adiou a recuperação para o começo do próximo ano, diz a Fiesp-, mas o país não está em recessão econômica hoje.
Para que a indústria de São Paulo -dona de 28% do PIB (Produto Interno Bruto) do país -cresça os 2% previstos pela Fiesp neste ano, será preciso que o setor registre expansão acumulada de 4% de maio a dezembro sobre igual período de 2001. Só dessa forma conseguirá reverter a queda apurada até agora -2,9% de janeiro a abril- e atingir a meta.
"A elevação que tivemos em abril em relação a março não é uma tendência", diz Clarice Messer, diretora da entidade. Para ela, não é possível dizer que "o pior já passou", mas também seria exagerado afirmar que a indústria está "no fundo do poço".
Segundo técnicos da entidade, o aumento de 0,5% em abril é consequência da evolução na produção de alguns poucos setores (como alimentos) e da elevação nas vendas de itens (como têxteis e plásticos) para a Copa do Mundo. Além disso, ainda há outro fator a ser considerado: o número de dias úteis em cada mês.
"A indústria se expandiu também porque tivemos 22 dias úteis em abril, contra 20 em março de 2001. Como tivemos mais dias, pudemos crescer um pouco mais", afirma Clarice.
Como reflexo desse cenário, alguns setores conseguiram manter o nível de capacidade instalada um pouco mais elevado do que no ano passado. Seis setores da economia (como alimentos, têxtil, mecânica e metalurgia) registraram queda na ociosidade. Cinco registraram aumento e um setor apresentou estabilidade.
Na média, o uso da capacidade de produção das indústrias sofreu ligeiro aumento, de 82,1 para 82,4.

O erro do BC
Para a Fiesp, o Banco Central deu pouca atenção aos indicadores da indústria quando decidiu manter os juros em 18,5% na semana passada. Se tivesse levado os números em consideração, reduziria a taxa em, pelo menos, 0,25 ponto, diz a entidade.



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