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Duhalde admite perigo de dissolução nacional
DE BUENOS AIRES
No mesmo dia em que a Argentina foi chacoalhada por manifestações em todo o país, o presidente Eduardo Duhalde admitiu existir o perigo de dissolução nacional devido à grave crise econômica e social.
Durante ato pela comemoração do 192º aniversário do Exército,
realizado ontem, o chefe da corporação, general Ricardo Brinzoni, respondeu a Duhalde que, apesar da crise, a possibilidade de haver um golpe militar no país não existe. "O Exército é e seguirá sendo soldado do povo e da Constituição", disse.
Depois, Brinzoni foi ainda mais claro, ao dizer que as Forças Armadas "não são uma opção, são parte da Argentina".
Além disso, o general disse acreditar que o governo vai resgatar o
país da crise e que o Exército se
mantém "surdo às vozes agourentas e seguro de triunfar".
Agradecimento
Duhalde agradeceu o apoio das
Forças Armadas. "Hoje, em meio
à crise, encontramos o nosso
Exército sem egoísmo e mesquinharia, colocando seu aparato à
disposição da comunidade e contribuindo para a solução da crise
mais profunda da história, em
momentos em que vozes responsáveis nos alertam para o perigo
de dissolução nacional."
A primeira "voz responsável" a
levantar a hipótese de que as instituições democráticas argentinas
podem não sobreviver à crise foi a
do arcebispo de Buenos Aires,
Jorge Mario Bergloglio, no último
sábado. Anteontem, em editorial,
o jornal argentino "Clarín" repetiu a advertência.
Duhalde vive uma difícil situação política. Na última segunda-feira, o presidente foi pressionado
por governadores de seu próprio
partido, o peronista, para antecipar a eleição marcada para setembro de 2003.
Só após acordo
Depois da reunião, Duhalde admitiu que a data poderia ser alterada, desde que "a Argentina esteja em águas mais tranquilas". Ou
seja, quando o país fechar o acordo com o FMI (Fundo Monetário
Internacional) e acabar com as
restrições bancárias impostas pelo curralzinho (o bloqueio do dinheiro pelos bancos).
Para os governadores peronistas, a data ideal para um novo
pleito seria entre dezembro deste
ano e março de 2003.
Eles avaliam que, durante esse
período, o país teria condições de
se recuperar nos próximos meses
e, com isso, não haveria o risco de
a oposição tomar o poder com a
eleição.
Ontem, no entanto, um grupo de 12 deputados ligados ao ex-presidente Carlos Menem voltou a defender a votação de um projeto que prevê a realização da eleição presidencial em, no máximo, 120 dias.
Ao lado do governador de Santa Cruz, Néstor Kirchner, e do ex-presidente Adolfo Rodríguez Saá, Menem encabeça a pressão por eleições dentro do peronismo.
(JS)
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