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Ministro afirma que não está "na torcida, mas trabalhando", e que retomada não depende apenas dos juros
Crescimento não dá em árvore, diz Palocci
GUSTAVO PATÚ
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Horas depois da divulgação dos
magros números do PIB brasileiro, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse que o crescimento econômico não depende
apenas das taxas de juros, mas de
um amplo trabalho do país e de
todas as áreas do governo, incluindo, claro, a sua: "Não estou
na torcida, estou trabalhando".
Palocci ancorou seu raciocínio
no setor agropecuário, o que
apresentou melhor desempenho
nos dados do IBGE. "O país não
tem do que se lamentar. Tem que
trabalhar para que o crescimento
do setor agrícola se estenda a outras áreas."
Repetindo a todo momento a
palavra "trabalho" e suas variações, o ministro dividiu as responsabilidades pelas medidas
destinadas a superar a estagnação
econômica -é preciso, listou,
melhorar a infra-estrutura, investir em tecnologia, iniciar uma política industrial.
"Não é necessário que o país fique esperando o combate à inflação. Há muita coisa coisa a ser
preparada para o crescimento",
pregou Palocci. "O crescimento
não vem por geração espontânea,
não brota em árvore."
Como exemplo, citou a crise
energética de 2001, logo após um
resultado favorável -expansão
de 4,36% do PIB- no ano anterior. Moral da história: não é possível falar em crescimento se nem
sequer houver eletricidade suficiente para sustentar o aumento
da produção.
O mesmo exemplo serve, porém, aos críticos da política de juros altos e aperto fiscal. Afinal, a
falta de investimentos públicos e
privados contribuiu decisivamente para a escassez de energia
naquele período.
Arrocho
Palocci reconheceu os efeitos
colaterais da política de austeridade do governo, ao mencionar a
"equação muito difícil" que é conciliar o controle da inflação e o estímulo à atividade produtiva.
Mas, disse, "isso é o melhor possível a fazer neste momento".
A preocupação do ministro foi
incluir outros temas no debate sobre o desenvolvimento, que hoje,
a seu ver, está voltado exclusivamente para a necessidade de reduzir os juros.
"Se ficarmos num único objetivo, vamos tomar a árvore pela floresta. Não é só puxar um gatilho, e
o país vai crescer sem parar. Infelizmente, não é assim."
Palocci refutou também críticas
segundo as quais o governo está
sendo conservador em excesso,
no esforço de conquistar credibilidade no mercado. "Não vamos
querer ser mais realistas que a
realidade."
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