UOL


São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ministro afirma que não está "na torcida, mas trabalhando", e que retomada não depende apenas dos juros

Crescimento não dá em árvore, diz Palocci

GUSTAVO PATÚ
SÍLVIA MUGNATTO

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Horas depois da divulgação dos magros números do PIB brasileiro, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse que o crescimento econômico não depende apenas das taxas de juros, mas de um amplo trabalho do país e de todas as áreas do governo, incluindo, claro, a sua: "Não estou na torcida, estou trabalhando".
Palocci ancorou seu raciocínio no setor agropecuário, o que apresentou melhor desempenho nos dados do IBGE. "O país não tem do que se lamentar. Tem que trabalhar para que o crescimento do setor agrícola se estenda a outras áreas."
Repetindo a todo momento a palavra "trabalho" e suas variações, o ministro dividiu as responsabilidades pelas medidas destinadas a superar a estagnação econômica -é preciso, listou, melhorar a infra-estrutura, investir em tecnologia, iniciar uma política industrial.
"Não é necessário que o país fique esperando o combate à inflação. Há muita coisa coisa a ser preparada para o crescimento", pregou Palocci. "O crescimento não vem por geração espontânea, não brota em árvore."
Como exemplo, citou a crise energética de 2001, logo após um resultado favorável -expansão de 4,36% do PIB- no ano anterior. Moral da história: não é possível falar em crescimento se nem sequer houver eletricidade suficiente para sustentar o aumento da produção.
O mesmo exemplo serve, porém, aos críticos da política de juros altos e aperto fiscal. Afinal, a falta de investimentos públicos e privados contribuiu decisivamente para a escassez de energia naquele período.

Arrocho
Palocci reconheceu os efeitos colaterais da política de austeridade do governo, ao mencionar a "equação muito difícil" que é conciliar o controle da inflação e o estímulo à atividade produtiva. Mas, disse, "isso é o melhor possível a fazer neste momento".
A preocupação do ministro foi incluir outros temas no debate sobre o desenvolvimento, que hoje, a seu ver, está voltado exclusivamente para a necessidade de reduzir os juros.
"Se ficarmos num único objetivo, vamos tomar a árvore pela floresta. Não é só puxar um gatilho, e o país vai crescer sem parar. Infelizmente, não é assim."
Palocci refutou também críticas segundo as quais o governo está sendo conservador em excesso, no esforço de conquistar credibilidade no mercado. "Não vamos querer ser mais realistas que a realidade."


Texto Anterior: Artigo: Nível de bem-estar material está menor do que no ano passado
Próximo Texto: Para Mantega, números do PIB são um "alívio"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.