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Aço vai elevar preço de carros, diz Anfavea
Para presidente de associação, custos com reajuste de matéria-prima acima da inflação serão repassados "gradualmente"
Setor siderúrgico quer reajuste em torno de 7%; a exemplo da Fiat, agora Ford também diz que pretende trazer produto do exterior
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O vice-presidente da Anfavea
(Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Rogélio Golfarb, disse
ontem que o reajuste do aço em
índices superiores à inflação
vai impor às montadoras um
"peso razoável" na forma de aumento de custos, que terá de
ser "gradualmente" repassado
aos preços dos carros.
Golfarb, que também é diretor de assuntos corporativos da
Ford, acrescentou que a montadora estuda a possibilidade
de importar aço, medida que já
foi adotada pela Fiat. Golfarb
lembrou que a Ford já importou aço em 2005 e 2006.
O conflito em torno do reajuste reprisa o que ocorreu em
2004, quando a pressão das
montadoras levou o governo a
zerar as tarifas para importação de 15 tipos de aço, medida
que ainda está em vigor.
Os fabricantes de aço exigem
alta de 7%, enquanto a inflação
ronda 3%. O ex-presidente do
IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) Luiz André Rico disse
que o setor não reajustava preços havia 18 meses e que está só
repassando elevação no custo
de energia e matéria-prima.
Além do preço, há problemas
pontuais de atendimento da
demanda, que estão sendo enfrentados com o redirecionamento da produção do mercado interno para o interno.
Segundo Rico, as siderúrgicas foram surpreendidas nos
últimos dois meses com aumento de pedidos de clientes
nacionais acima do esperado.
Mas ressaltou que o atendimento do mercado interno é a
prioridade do setor.
Diante do aquecimento econômico no Brasil e no exterior,
as siderúrgicas planejam investir US$ 22,7 bilhões entre 2007
e 2012, além de mais US$ 6,2 bilhões que ainda estão em estudo. Esses recursos, somados,
vão quase dobrar a capacidade
de produção de aço no país,
anunciou Rico, durante o 20º
Congresso Brasileiro de Siderurgia, em São Paulo. Ontem,
ele transmitiu o cargo para o
novo presidente do IBS, Rinaldo Campos Soares.
Os US$ 22,7 bilhões superam
os US$ 18,9 bilhões que foram
investidos no período de 12
anos entre 1994 e 2006 para
modernizar o parque siderúrgico depois da privatização. Agora, os recursos serão destinados
exclusivamente ao aumento de
capacidade de produção.
O empresário Antônio Ermírio de Moraes abriu o congresso pela manhã com previsões
otimistas para a economia brasileira. "Hoje nós almejamos
taxas de crescimento que são
superiores à taxa de inflação, o
que é importantíssimo."
Eduardo Giannetti da Fonseca, do Ibmec-SP, apresentou
um cenário mais sombrio e disse que o Brasil continuará a ter
taxas de crescimento decepcionantes se não realizar reformas, entre as quais destacou as
previdenciária, trabalhista e
tributária. Disse ainda que o
impacto do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento)
será bastante limitado.
O secretário-executivo do IISI (Instituto Internacional do
Ferro e do Aço, na sigla em inglês), Ian Christmas, ressaltou
que o Brasil terá de enfrentar a
concorrência de outros países
que também elevam a produção para exportar itens semi-elaborados. Disse ainda que a
valorização do real é ruim para
uma estratégia de crescimento
focada na exportação.
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