São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2007

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Aço vai elevar preço de carros, diz Anfavea

Para presidente de associação, custos com reajuste de matéria-prima acima da inflação serão repassados "gradualmente"

Setor siderúrgico quer reajuste em torno de 7%; a exemplo da Fiat, agora Ford também diz que pretende trazer produto do exterior


CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Rogélio Golfarb, disse ontem que o reajuste do aço em índices superiores à inflação vai impor às montadoras um "peso razoável" na forma de aumento de custos, que terá de ser "gradualmente" repassado aos preços dos carros.
Golfarb, que também é diretor de assuntos corporativos da Ford, acrescentou que a montadora estuda a possibilidade de importar aço, medida que já foi adotada pela Fiat. Golfarb lembrou que a Ford já importou aço em 2005 e 2006.
O conflito em torno do reajuste reprisa o que ocorreu em 2004, quando a pressão das montadoras levou o governo a zerar as tarifas para importação de 15 tipos de aço, medida que ainda está em vigor.
Os fabricantes de aço exigem alta de 7%, enquanto a inflação ronda 3%. O ex-presidente do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) Luiz André Rico disse que o setor não reajustava preços havia 18 meses e que está só repassando elevação no custo de energia e matéria-prima.
Além do preço, há problemas pontuais de atendimento da demanda, que estão sendo enfrentados com o redirecionamento da produção do mercado interno para o interno.
Segundo Rico, as siderúrgicas foram surpreendidas nos últimos dois meses com aumento de pedidos de clientes nacionais acima do esperado. Mas ressaltou que o atendimento do mercado interno é a prioridade do setor.
Diante do aquecimento econômico no Brasil e no exterior, as siderúrgicas planejam investir US$ 22,7 bilhões entre 2007 e 2012, além de mais US$ 6,2 bilhões que ainda estão em estudo. Esses recursos, somados, vão quase dobrar a capacidade de produção de aço no país, anunciou Rico, durante o 20º Congresso Brasileiro de Siderurgia, em São Paulo. Ontem, ele transmitiu o cargo para o novo presidente do IBS, Rinaldo Campos Soares.
Os US$ 22,7 bilhões superam os US$ 18,9 bilhões que foram investidos no período de 12 anos entre 1994 e 2006 para modernizar o parque siderúrgico depois da privatização. Agora, os recursos serão destinados exclusivamente ao aumento de capacidade de produção.
O empresário Antônio Ermírio de Moraes abriu o congresso pela manhã com previsões otimistas para a economia brasileira. "Hoje nós almejamos taxas de crescimento que são superiores à taxa de inflação, o que é importantíssimo."
Eduardo Giannetti da Fonseca, do Ibmec-SP, apresentou um cenário mais sombrio e disse que o Brasil continuará a ter taxas de crescimento decepcionantes se não realizar reformas, entre as quais destacou as previdenciária, trabalhista e tributária. Disse ainda que o impacto do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) será bastante limitado.
O secretário-executivo do IISI (Instituto Internacional do Ferro e do Aço, na sigla em inglês), Ian Christmas, ressaltou que o Brasil terá de enfrentar a concorrência de outros países que também elevam a produção para exportar itens semi-elaborados. Disse ainda que a valorização do real é ruim para uma estratégia de crescimento focada na exportação.


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