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TRATAMENTO DE CHOQUE
Serão criados um "ministério preventivo de apagão" e um pool para vender energia a distribuidoras
Estado retoma poder em novo modelo elétrico
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo de Luiz Inácio Lula
da Silva está finalizando um novo
modelo para o setor elétrico do
país em que será privilegiado o
planejamento e a presença do Estado nas tomadas de decisões.
Em vez de as distribuidoras buscarem energia em contratos diretos com geradoras e em leilões no
MAE (Mercado Atacadista de
Energia), serão feitos contratos de
longo prazo com um pool de geradoras, os quais serão acompanhados de perto pelo governo.
Além disso, o Ministério de Minas e Energia fará cálculos mensais para evitar racionamentos de
energia. Por último, mudanças na
demanda ou oferta de energia deverão ser avisadas ao governo
com um mínimo de cinco anos de
antecedência.
Cobrada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a ministra
Dilma Rousseff (Minas e Energia)
deve apresentar em julho o novo
modelo, em elaboração desde janeiro. As linhas gerais já estão
prontas e a equipe técnica finaliza
os detalhes nos próximos dias.
A equipe da ministra decidiu
que as 64 distribuidoras de energia elétrica vão firmar, a partir de
janeiro, contratos de longo prazo
-cogita-se uma duração de 20
anos- com um pool de geradoras escolhidas previamente por
meio de licitação pública.
Hoje as distribuidoras compram energia por contratos bilaterais com as geradoras ou em leilões do MAE, nos quais são negociados os excedentes de todas as
produtoras de energia no país.
Foi estabelecido um cronograma em que 25% dos contratos terminam por ano. Em dezembro de
2002 houve a primeira leva de encerramento de contratos. Esse 1/4
do mercado hoje negocia energia
no MAE ou em contratos refeitos
com geradoras, todos com prazo
para acabar em 2006.
A partir de janeiro de 2004, começa a transição para o modelo
petista. Em vez dos leilões, esses
percentuais serão contratados na
forma de acordos de longo prazo.
A transição termina em dezembro de 2005, quando acabam todos os contratos atuais. Segundo a
previsão do governo, em janeiro
de 2006 toda a geração para clientes cativos -aqueles que não podem escolher outra forma de
compra- estará no pool.
Durante a transição, o MAE
continuará existindo. Não se sabe
se ele terá função a partir de 2006.
Outro ponto indefinido é a tarifação, hoje arbitrada pela Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica), que depende do modelo
que o governo adotar para as
agências reguladoras.
Vencerá a licitação a geradora
que oferecer menor tarifa para o
consumidor e que se comprometer a manter uma produção que
atenda a demanda prevista.
As projeções quinquenais sobre
o aumento no consumo serão feitas pelo governo e pelas distribuidoras -que podem ser punidas
caso os cálculos fiquem muito diferentes dos feitos pela União.
Esse período servirá como uma
espécie de "quarentena" para evitar variações bruscas nas previsões. Grandes consumidores que
quiserem deixar ou utilizar a
energia do pool terão que avisar
ao governo com antecedência.
Evitar racionamento
Segundo Maurício Tomalsquim, secretário-executivo das
Minas e Energia, será criado um
Comitê de Acompanhamento do
Setor Elétrico -um "ministério
preventivo de apagão" ligado diretamente à ministra.
A cada 30 dias, técnicos do ONS
(Operador Nacional do Sistema),
Aneel e do ministério vão preparar relatórios levando em conta o
aumento da demanda, sobra da
oferta, condições ambientais etc.
Isso visa evitar um novo racionamento de energia no país, como o que ocorreu de junho de
2001 a fevereiro de 2002 porque os
reservatórios não tinham água
para gerar energia suficiente devido à diminuição das chuvas no
início de 2001.
Outra precaução da gestão petista é uma reserva que as geradoras terão de adotar. Hoje o governo mantém contratos para emergências com termelétricas, mas
acaba pagando por uma energia
que nem é produzida.
Grandes consumidores, como
indústrias, podem escolher hoje
se utilizam a energia da distribuidora local ou se compram de uma
usina independente. Para aproveitar essa geração, o governo
pretende incluir nos editais de licitação um mecanismo sobre o
número de novas obras.
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