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Consumidor vai perder, diz associação
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A direção da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia)
sustenta que a eventual adoção do
modelo de compra e venda de
energia em pool representará
mais custos para o consumidor.
Paulo Ludmer, diretor-executivo da Abrace, diz que o maior
problema do pool é o de esconder
a "ineficiência" dos agentes do setor. Segundo Ludmer, o pool absorve, dentro de uma mesma conta, energias de diferentes origens
(hidráulica, térmica, eólica) e,
portanto, diferentes custos. "O
pool pega toda essa energia, estabelece um valor médio, ou que se
pensa ser médio, e o repassa para
a sociedade. No final acaba camuflando a ineficiência", diz Ludmer. "Pode-se, por exemplo, incorporar energia eólica ou solar, a
um custo quatro ou cinco vezes
maior que o [da energia] de origem hidráulica, para parecer politicamente correto. Como essas
energias não dão conta das necessidades do setor, na verdade, você
introduz perda de competitividade para toda a economia", afirma.
As empresas representadas pela
Abrace respondem por 45% do
consumo industrial de energia.
Outra crítica de Ludmer ao pool
é a de que a idéia elimina a "desverticalização", que hoje permite
ao consumidor identificar quanto
custou cada etapa do processo
energético: produção, distribuição e o peso dos encargos.
Por fim, Ludmer sugere que um
eventual esvaziamento do MAE
(Mercado Atacadista de Energia),
somado à possível desconfiança
em relação ao poder do pool para
intermediar contratos, poderia
resultar em uma batalha legal entre geradoras e distribuidoras.
A despeito das críticas da Abrace, Ildo Sauer (professor da USP e
hoje diretor de Gás e Energia da
Petrobras), um dos principais
pesquisadores do setor, defende
uma "centralização da venda de
energia". Em documento apresentado ao novo governo, Sauer
propunha a existência de um
"comprador majoritário". Esse
condomínio, operado por uma
empresa pública, seria dono da
energia e da água. Aos investidores caberia o papel de construir ou
operar as instalações. O MAE teria um papel residual -continuaria a negociar só os excedentes.
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