UOL


São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consumidor vai perder, diz associação

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia) sustenta que a eventual adoção do modelo de compra e venda de energia em pool representará mais custos para o consumidor.
Paulo Ludmer, diretor-executivo da Abrace, diz que o maior problema do pool é o de esconder a "ineficiência" dos agentes do setor. Segundo Ludmer, o pool absorve, dentro de uma mesma conta, energias de diferentes origens (hidráulica, térmica, eólica) e, portanto, diferentes custos. "O pool pega toda essa energia, estabelece um valor médio, ou que se pensa ser médio, e o repassa para a sociedade. No final acaba camuflando a ineficiência", diz Ludmer. "Pode-se, por exemplo, incorporar energia eólica ou solar, a um custo quatro ou cinco vezes maior que o [da energia] de origem hidráulica, para parecer politicamente correto. Como essas energias não dão conta das necessidades do setor, na verdade, você introduz perda de competitividade para toda a economia", afirma.
As empresas representadas pela Abrace respondem por 45% do consumo industrial de energia.
Outra crítica de Ludmer ao pool é a de que a idéia elimina a "desverticalização", que hoje permite ao consumidor identificar quanto custou cada etapa do processo energético: produção, distribuição e o peso dos encargos.
Por fim, Ludmer sugere que um eventual esvaziamento do MAE (Mercado Atacadista de Energia), somado à possível desconfiança em relação ao poder do pool para intermediar contratos, poderia resultar em uma batalha legal entre geradoras e distribuidoras.
A despeito das críticas da Abrace, Ildo Sauer (professor da USP e hoje diretor de Gás e Energia da Petrobras), um dos principais pesquisadores do setor, defende uma "centralização da venda de energia". Em documento apresentado ao novo governo, Sauer propunha a existência de um "comprador majoritário". Esse condomínio, operado por uma empresa pública, seria dono da energia e da água. Aos investidores caberia o papel de construir ou operar as instalações. O MAE teria um papel residual -continuaria a negociar só os excedentes.


Texto Anterior: Tratamento de choque: Estado retoma poder em novo modelo elétrico
Próximo Texto: Nova regra manterá contratos, diz governo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.