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CRISE NO AR
Presidente do BNDES diz que competição no setor é "suicídio coletivo"
Lessa defende parceria Varig/TAM
HUMBERTO MEDINA
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, defendeu ontem a manutenção do compartilhamento de
vôos entre as empresas Varig e
TAM. O Ministério da Fazenda já
havia emitido um parecer contrário à prática, que resultou em diminuição da competição e aumento de tarifas.
Lessa, no entanto, acredita que a
competição entre as empresas
não vá ser positiva. "Muitas vezes
a concorrência é um ato de haraquiri [suicídio] coletivo", disse.
"O Estado nunca deixa que haja o
suicídio coletivo, porque [a aviação comercial] é um serviço público fundamental para o país",
afirmou.
Questionado sobre se a manutenção do compartilhamento de
vôos (conhecido no jargão técnico como "code-share") não causaria distorções no mercado, ele
respondeu: "Não há pior distorção de mercado do que as empresas quebrarem. Essa é a pior de todas, é o mercado cometendo haraquiri, é o mercado se autodestruindo".
Lessa afirmou também que todas as companhias vão perder, caso o compartilhamento de vôos
acabe. "A aviação brasileira, sem
o "code-share", entra em um processo competitivo em que todas
as companhias vão ser perdedoras", disse.
Ele deu como praticamente descartada a idéia de fusão entre a
TAM e a Varig, como era o projeto inicial das empresas, com o
apoio do governo. "Apostamos
muito na proposta da fusão. Aparentemente, a idéia da fusão não
avançou. A aviação brasileira não
pode desaparecer", disse.
Ajuda
O ministro da Defesa, José Viegas, afirmou que há possibilidade
de interesse privado na Varig, caso a empresa seja saneada com a
ajuda do governo federal.
"Nesse contexto nós teríamos
de ver a questão do aporte, do
eventual aporte, de recursos. Mas
não há uma decisão tomada nesse
sentido. É preciso criar condições
favoráveis para que isso possa
ocorrer. E nós continuamos empenhados nesse propósito", afirmou o ministro.
Segundo Viegas, o BNDES poderia ajudar no saneamento da
empresa. "O BNDES tem a disposição de fazê-lo, desde que se
criem as condições institucionais
positivas e necessárias para isso",
disse Viegas. Ele e Lessa falaram
sobre o setor de aviação civil após
uma cerimônia realizada no Ministério da Defesa.
Parecer contrário
Em maio, a Seae (Secretaria de
Acompanhamento Econômico)
-subordinada ao ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda)-
concluiu parecer em que apontava indícios de cartel entre as duas
companhias aéreas e pedia o fim
do compartilhamento. O documento foi encaminhado ao Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a quem caberá
julgar o caso.
O parecer da secretaria afirma
que as empresas reduziram a
oferta de vôos ao consumidor,
elevaram tarifas e aumentaram a
margem de lucro.
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