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CRÉDITO
"Cadastro positivo" pretende diminuir juros cobrados nos empréstimos
BC cria registro de bons pagadores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Começa a funcionar hoje o chamado "cadastro positivo" de crédito, um sistema criado pelo Banco Central com o histórico das
operações de crédito de clientes
dos bancos. A idéia é fazer com
que aqueles que estiverem em dia
com seus compromissos possam
comprovar que são bom pagadores e, assim, negociar juros mais
baixos em seus empréstimos.
O sistema vai conter informações sobre as operações de crédito
feitas nos 13 meses anteriores à
consulta. Só serão incluídos, porém, os clientes cujas dívidas bancárias totalizem mais de R$ 5.000.
Serão disponibilizados dados como o total de empréstimos contraídos, eventuais atrasos no pagamento, juros cobrados pelos
bancos e o prazo de vencimento.
O presidente do BC, Henrique
Meirelles, diz que o novo mecanismo "vai exercer papel fundamental na ampliação da concorrência no sistema financeiro e,
conseqüentemente, na expansão
da oferta de crédito e na redução
do "spread" bancário".
"Spread" bancário é o nome dado à diferença entre os juros que
os bancos pagam para captar recursos no mercado e a taxa cobrada nos empréstimos concedidos
aos clientes. Pela tese do BC, ao
conhecer melhor seus clientes, os
bancos correriam um risco de
inadimplência menor -logo, poderiam reduzir o "spread".
Meirelles nega que a distribuição desse tipo de informação seja
uma quebra do sigilo bancário.
Segundo ele, esse sigilo será respeitado porque os dados só poderão ser repassados aos bancos
com autorização do cliente.
Devido ao limite de R$ 5.000,
porém, o novo sistema deverá beneficiar apenas uma pequena parcela da população. Segundo o BC,
de um total de 196 milhões de
operações de crédito no país, apenas 11 milhões estarão incluídos
no banco de dados.
Meirelles afirma que o BC pretende investir na expansão do sistema, para que todas as operações
de crédito possam ser incluídas,
mas não falou em prazo para que
isso ocorra. "O sistema não tem
capacidade de registrar todas as
operações. Vamos trabalhar para,
no futuro, atender a todos", diz.
A implantação de um banco de
dados detalhado sobre as operações de crédito fechadas no país
tem sido conduzida desde 1999,
ainda no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A
medida fazia parte de um pacote
lançado pelo BC com o objetivo
reduzir o "spread" bancário.
O diretor de Administração da
instituição, João Antônio Fleury,
diz que, nos últimos dois anos, foram investidos R$ 14 milhões no
projeto. Neste ano, R$ 40 milhões
devem ser investidos na área de
tecnologia do BC, o que pode ajudar no aperfeiçoamento do banco
de dados.
As pessoas cujos dados fazem
parte do cadastro do BC também
podem ter acesso a eles. Para isso,
podem procurar a central de atendimento da instituição pelo telefone 0800-99-2345.
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