São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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CRÉDITO

"Cadastro positivo" pretende diminuir juros cobrados nos empréstimos

BC cria registro de bons pagadores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Começa a funcionar hoje o chamado "cadastro positivo" de crédito, um sistema criado pelo Banco Central com o histórico das operações de crédito de clientes dos bancos. A idéia é fazer com que aqueles que estiverem em dia com seus compromissos possam comprovar que são bom pagadores e, assim, negociar juros mais baixos em seus empréstimos.
O sistema vai conter informações sobre as operações de crédito feitas nos 13 meses anteriores à consulta. Só serão incluídos, porém, os clientes cujas dívidas bancárias totalizem mais de R$ 5.000. Serão disponibilizados dados como o total de empréstimos contraídos, eventuais atrasos no pagamento, juros cobrados pelos bancos e o prazo de vencimento.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, diz que o novo mecanismo "vai exercer papel fundamental na ampliação da concorrência no sistema financeiro e, conseqüentemente, na expansão da oferta de crédito e na redução do "spread" bancário".
"Spread" bancário é o nome dado à diferença entre os juros que os bancos pagam para captar recursos no mercado e a taxa cobrada nos empréstimos concedidos aos clientes. Pela tese do BC, ao conhecer melhor seus clientes, os bancos correriam um risco de inadimplência menor -logo, poderiam reduzir o "spread".
Meirelles nega que a distribuição desse tipo de informação seja uma quebra do sigilo bancário. Segundo ele, esse sigilo será respeitado porque os dados só poderão ser repassados aos bancos com autorização do cliente.
Devido ao limite de R$ 5.000, porém, o novo sistema deverá beneficiar apenas uma pequena parcela da população. Segundo o BC, de um total de 196 milhões de operações de crédito no país, apenas 11 milhões estarão incluídos no banco de dados.
Meirelles afirma que o BC pretende investir na expansão do sistema, para que todas as operações de crédito possam ser incluídas, mas não falou em prazo para que isso ocorra. "O sistema não tem capacidade de registrar todas as operações. Vamos trabalhar para, no futuro, atender a todos", diz.
A implantação de um banco de dados detalhado sobre as operações de crédito fechadas no país tem sido conduzida desde 1999, ainda no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A medida fazia parte de um pacote lançado pelo BC com o objetivo reduzir o "spread" bancário.
O diretor de Administração da instituição, João Antônio Fleury, diz que, nos últimos dois anos, foram investidos R$ 14 milhões no projeto. Neste ano, R$ 40 milhões devem ser investidos na área de tecnologia do BC, o que pode ajudar no aperfeiçoamento do banco de dados.
As pessoas cujos dados fazem parte do cadastro do BC também podem ter acesso a eles. Para isso, podem procurar a central de atendimento da instituição pelo telefone 0800-99-2345.


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