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BC pode rever medida que amplia crédito
Órgão prorroga incentivo para que bancos grandes injetem recursos nos menores, mas admite que extensão de prazo pode ser a última
Banco Central já vê sinais de
normalização no mercado
de crédito; com estímulo,
instituições de menor
porte já receberam R$ 38 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central já estuda a
possibilidade de suspender ao
menos uma das medidas tomadas no final do ano passado para combater os efeitos da crise
financeira sobre o país.
Em nota divulgada ontem à
noite, o BC informou que prorrogará por 90 dias os incentivos
dados para que bancos de grande porte injetem dinheiro em
instituições menores, mas ressaltou que, diante dos "sinais de
normalização que começam a
surgir no mercado", esse adiamento pode ser o último.
Com o agravamento da crise,
em setembro de 2008, um dos
problemas enfrentados pelo setor bancário foi a maior dificuldade que instituições financeiras passaram a ter para captar
dinheiro. Essa restrição foi ainda maior para bancos menores,
já que crescia o receio de investidores sobre a capacidade que
esse segmento teria para suportar as turbulências externas
cada vez mais fortes.
Uma das saídas encontradas
pelo BC foi dar um desconto no
compulsório a ser recolhido
por bancos grandes que adquirissem pelo menos parte da
carteira de crédito de instituições de menor porte. Compulsório é o nome dado à parcela
dos depósitos bancários que é
retida pelo BC, numa tentativa
de controlar o volume de dinheiro em circulação no país.
A medida resultou, em valores de hoje, na injeção de R$ 38
bilhões em bancos pequenos e
médios. Inicialmente, o benefício valeria até março, mas foi
prorrogado por três meses e
perderia a validade amanhã.
Ontem, o BC informou que
pode rever a medida. "Dependendo das condições de mercado, no fim desse período [de
mais 90 dias], [...] o BC poderá
iniciar processo de redução
paulatina do incentivo às referidas aplicações, a se consolidarem os sinais de normalização
que começam a surgir no mercado doméstico de crédito".
No comunicado, o BC ressaltou que o novo prazo vence em
setembro, quando se completará um ano da fase mais crítica
da crise, marcada pela quebra
do Lehman Brothers.
A notícia de que medidas anticrise do BC podem ser revistas veio a público no mesmo dia
em que o governo anunciou
mais iniciativas para tentar
conter o impacto das turbulências externas na economia brasileira, entre elas a prorrogação
de incentivos já dados anteriormente -como a menor tributação sobre veículos e eletrodomésticos- e a adoção de novas
decisões, como a queda da
TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), usada no cálculo do
custo dos empréstimos concedidos pelo BNDES.
Além do incentivo para a
compra de carteiras de crédito
de outros bancos, o BC também
liberou outros R$ 62 bilhões
em depósitos compulsórios
desde o final de 2008, fazendo
com que a injeção total de recursos no sistema bancário
chegasse a R$ 100 bilhões, o
que corresponde a 37% do total
de recolhimentos feitos pelo
BC em setembro.
As medidas que liberaram o
montante adicional de recursos valem por prazo indeterminado, mas podem ser revistas a
qualquer momento pelo BC.
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