São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 2009

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BC pode rever medida que amplia crédito

Órgão prorroga incentivo para que bancos grandes injetem recursos nos menores, mas admite que extensão de prazo pode ser a última

Banco Central já vê sinais de normalização no mercado de crédito; com estímulo, instituições de menor porte já receberam R$ 38 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central já estuda a possibilidade de suspender ao menos uma das medidas tomadas no final do ano passado para combater os efeitos da crise financeira sobre o país.
Em nota divulgada ontem à noite, o BC informou que prorrogará por 90 dias os incentivos dados para que bancos de grande porte injetem dinheiro em instituições menores, mas ressaltou que, diante dos "sinais de normalização que começam a surgir no mercado", esse adiamento pode ser o último.
Com o agravamento da crise, em setembro de 2008, um dos problemas enfrentados pelo setor bancário foi a maior dificuldade que instituições financeiras passaram a ter para captar dinheiro. Essa restrição foi ainda maior para bancos menores, já que crescia o receio de investidores sobre a capacidade que esse segmento teria para suportar as turbulências externas cada vez mais fortes.
Uma das saídas encontradas pelo BC foi dar um desconto no compulsório a ser recolhido por bancos grandes que adquirissem pelo menos parte da carteira de crédito de instituições de menor porte. Compulsório é o nome dado à parcela dos depósitos bancários que é retida pelo BC, numa tentativa de controlar o volume de dinheiro em circulação no país.
A medida resultou, em valores de hoje, na injeção de R$ 38 bilhões em bancos pequenos e médios. Inicialmente, o benefício valeria até março, mas foi prorrogado por três meses e perderia a validade amanhã.
Ontem, o BC informou que pode rever a medida. "Dependendo das condições de mercado, no fim desse período [de mais 90 dias], [...] o BC poderá iniciar processo de redução paulatina do incentivo às referidas aplicações, a se consolidarem os sinais de normalização que começam a surgir no mercado doméstico de crédito".
No comunicado, o BC ressaltou que o novo prazo vence em setembro, quando se completará um ano da fase mais crítica da crise, marcada pela quebra do Lehman Brothers.
A notícia de que medidas anticrise do BC podem ser revistas veio a público no mesmo dia em que o governo anunciou mais iniciativas para tentar conter o impacto das turbulências externas na economia brasileira, entre elas a prorrogação de incentivos já dados anteriormente -como a menor tributação sobre veículos e eletrodomésticos- e a adoção de novas decisões, como a queda da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), usada no cálculo do custo dos empréstimos concedidos pelo BNDES.
Além do incentivo para a compra de carteiras de crédito de outros bancos, o BC também liberou outros R$ 62 bilhões em depósitos compulsórios desde o final de 2008, fazendo com que a injeção total de recursos no sistema bancário chegasse a R$ 100 bilhões, o que corresponde a 37% do total de recolhimentos feitos pelo BC em setembro.
As medidas que liberaram o montante adicional de recursos valem por prazo indeterminado, mas podem ser revistas a qualquer momento pelo BC.


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