|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista
China não é ameaça, diz economista
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o chileno Daniel Lederman, 41, economista sênior do Grupo de Pesquisa
em Economia do Desenvolvimento do Bird (Banco
Mundial), a contribuição
chinesa ao comércio internacional tem sido muito mais
benéfica do que negativa, ao
contrário do que reclamam
os seus concorrentes.
Leia trechos da entrevista
que o economista concedeu à
Folha ontem. Nesta terça,
Lederman participa da 3ª
Conferência Internacional
"Presença da China na América Latina", que o Conselho
Empresarial Brasil-China
realiza em São Paulo.
FOLHA - Como o empresário
brasileiro deve enfrentar a competição com as mercadorias chinesas, tanto externa quanto internamente?
DANIEL LEDERMAN - As exportações da América Latina para o mundo cresceram em
média 10% ao ano entre
2000 e 2007. Para a China e
para a Índia, entretanto, as
vendas subiram respectivamente 30% e 10%. Então,
não é correto dizer que o
crescimento desses dois países significa, para as outras
nações, apenas uma perda de
espaço, porque na verdade
eles estão criando vastos
mercados.
O avanço das suas economias também afeta a América Latina positivamente porque faz aumentar os preços
de alguns dos produtos que o
subcontinente exporta. As
oportunidades que a China
oferece, portanto, são superiores às alegadas ameaças.
FOLHA - Como o Brasil pode
aproveitar melhor essas possibilidades de ganhos?
LEDERMAN - É preciso construir uma rede de segurança
e assistência para os trabalhadores de setores que são
mais afetados pela concorrência com as importações
chinesas. Além disso, é fundamental estabelecer políticas que favoreçam a inovação tecnológica e melhorem
a educação no país. Por último, deve-se aprimorar as estratégias de promoção das
exportações ao mesmo tempo em que se busca criar novos produtos.
FOLHA - Mas os empresários se
queixam de que, em alguns casos, a China pratica dumping...
Fechamos os olhos para isso?
LEDERMAN - As leis internacionais contemplam medidas antidumping, mas isso
não quer dizer que lançar
mão delas é uma boa política.
Quando uma empresa chinesa vende brinquedos no Brasil a um preço muito baixo,
beneficia o consumidor. Caso esteja praticando valores
abaixo do seu custo, essa tática não se sustenta por muito
tempo. Ou seja, não é um
problema que vai persistir.
Pensando no longo prazo, há
outras questões com as quais
o Brasil deveria se preocupar
para melhorar seu desempenho no comércio exterior,
como essas que citei anteriormente.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Madoff é condenado a 150 anos por fraude Índice
|