São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

entrevista

China não é ameaça, diz economista

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o chileno Daniel Lederman, 41, economista sênior do Grupo de Pesquisa em Economia do Desenvolvimento do Bird (Banco Mundial), a contribuição chinesa ao comércio internacional tem sido muito mais benéfica do que negativa, ao contrário do que reclamam os seus concorrentes.
Leia trechos da entrevista que o economista concedeu à Folha ontem. Nesta terça, Lederman participa da 3ª Conferência Internacional "Presença da China na América Latina", que o Conselho Empresarial Brasil-China realiza em São Paulo.

FOLHA - Como o empresário brasileiro deve enfrentar a competição com as mercadorias chinesas, tanto externa quanto internamente?
DANIEL LEDERMAN
- As exportações da América Latina para o mundo cresceram em média 10% ao ano entre 2000 e 2007. Para a China e para a Índia, entretanto, as vendas subiram respectivamente 30% e 10%. Então, não é correto dizer que o crescimento desses dois países significa, para as outras nações, apenas uma perda de espaço, porque na verdade eles estão criando vastos mercados.
O avanço das suas economias também afeta a América Latina positivamente porque faz aumentar os preços de alguns dos produtos que o subcontinente exporta. As oportunidades que a China oferece, portanto, são superiores às alegadas ameaças.

FOLHA - Como o Brasil pode aproveitar melhor essas possibilidades de ganhos?
LEDERMAN
- É preciso construir uma rede de segurança e assistência para os trabalhadores de setores que são mais afetados pela concorrência com as importações chinesas. Além disso, é fundamental estabelecer políticas que favoreçam a inovação tecnológica e melhorem a educação no país. Por último, deve-se aprimorar as estratégias de promoção das exportações ao mesmo tempo em que se busca criar novos produtos.

FOLHA - Mas os empresários se queixam de que, em alguns casos, a China pratica dumping... Fechamos os olhos para isso?
LEDERMAN
- As leis internacionais contemplam medidas antidumping, mas isso não quer dizer que lançar mão delas é uma boa política.
Quando uma empresa chinesa vende brinquedos no Brasil a um preço muito baixo, beneficia o consumidor. Caso esteja praticando valores abaixo do seu custo, essa tática não se sustenta por muito tempo. Ou seja, não é um problema que vai persistir.
Pensando no longo prazo, há outras questões com as quais o Brasil deveria se preocupar para melhorar seu desempenho no comércio exterior, como essas que citei anteriormente.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Madoff é condenado a 150 anos por fraude
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.