São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exército estava pronto para entrar em ação

WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília

Se até as 18h de ontem os caminhoneiros não tivessem começado a deixar as rodovias, o Exército entraria em ação.
Esse horário-limite foi definido ontem pela manhã pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, na reunião que contou com a presença de sete ministros. Inicialmente, foi fixado o horário de 17h, mas, como no início da tarde os caminhoneiros começaram a demonstrar interesse em negociar, foi dado mais uma hora de prazo.
O início da noite de ontem era considerado, na avaliação dos ministros, como o prazo final para evitar um colapso no abastecimento. A partir daí, a situação deixaria de ser "tolerável" e passaria a "crítica".
Caberia aos governadores dos Estados com problemas comunicar à Presidência da República o desejo de uso do Exército para liberar as rodovias.
A Folha apurou que, às 18h30 de ontem, o presidente recebeu a notícia de que o movimento grevista havia sido realmente encerrado e que o fluxo nas estradas estava voltando ao normal.
No Planalto, assessores de FHC rechaçaram a idéia de que o governo foi pego de surpresa com a paralisação. Segundo eles, há mais de um mês o governo identificou panfletos que convocavam para a paralisação. O governo não esperava, porém, que a paralisação fugisse ao controle.
Na reunião de ontem, FHC descartou decretar o estado de defesa, primeiro passo de uma escalada que termina com a decretação do estado de sítio. Segundo assessores, em nenhum momento o presidente temeu perder o controle da situação porque, em último caso, teria as Forças Armadas como reserva de atuação.
O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), foi considerado peça-chave no desfecho da greve, assim como o também tucano Tasso Jereissati, do Ceará no movimento dos policiais militares em 1997.
Na avaliação do Planalto, o emprego da tropa de choque da PM de São Paulo, com "violência administrada", foi fundamental para desarticular o movimento.


Texto Anterior: Grupo irá discutir reinvidicações
Próximo Texto: Governo teve chance de evitar a greve
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.