|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Grupo irá discutir reinvidicações
da Sucursal de Brasília
O acordo prevê
que a maior parte
das reivindicações
dos grevistas será
discutida, num prazo de 90 dias, por
um grupo de trabalho constituído
por representantes do governo,
de entidades patronais e de representantes dos caminhoneiros.
Serão analisadas propostas como isenção de IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) e
ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias, Bens e Serviços)
na compra de caminhões novos,
aposentadoria aos 25 anos de trabalho para a categoria e criação de
uma tarifa de fretes com base em
planilha de custos.
O governo se comprometeu a
enviar ao Congresso Nacional, no
prazo de sete dias, para tramitar
em regime de urgência, projeto
que altera o Código Nacional de
Trânsito, modificando os critérios de pontuação nas multas de
trânsito.
Padilha deixou claro, porém,
que o governo não está se comprometendo a dar tratamento diferenciado aos caminhoneiros.
"Vamos discutir se iremos tratar
de forma igual motoristas profissionais e amadores. No Congresso é que esse assunto será decidido", disse.
Antes do acordo, na manhã de
ontem, Padilha havia dito que o
governo não poderia atender três
das reivindicações dos caminhoneiros: preço mínimo de fretes,
ampliação do limite de pontos (de
20 para 40) para retenção da carteira de habilitação e unificação
do valor dos pedágios.
"Não podemos mudar a lei da
oferta e procura, não podemos revogar o Código de Trânsito Brasileiro e não podemos definir preços de pedágios administrados
por governos estaduais", disse
Padilha.
O governo também suspendeu
por 60 dias a obrigatoriedade da
pesagem dos caminhões nas balanças rodoviárias, até a revisão
da sistemática de aferição reivindicada pelo movimento.
Risco de vida
O ministro dos Transportes,
que coordenou as negociações
com os caminhoneiros, justificou
por que o governo manteve o diálogo apesar da greve, ao contrário
da prática adotada em relação a
outros movimentos.
"O risco de desabastecimento e
de vítimas fatais compensa o
acordo que foi feito", disse Padilha.
Ele se referia à possibilidade de
intervenção das Forças Armadas
para garantir o fim dos bloqueios,
se a greve fosse mantida a partir
da zero hora de hoje.
O ministro da Justiça, José Carlos Dias, reafirmou ontem, pouco
antes do anúncio do fim da greve,
que o governo estava disposto a
acionar as Forças Armadas. "O
exército não existe só para a guerra. Mas também para garantir a
ordem interna, quando necessário. A utilização das Forças Armadas não é antidemocrática.".
Padilha afirmou que o governo
ficou estimulado a continuar as
negociações quando percebeu,
ontem pela manhã, que as lideranças do movimento já começavam a desobstruir as estradas.
Na reunião com os ministros,
realizada pela manhã, o presidente Fernando Henrique Cardoso
autorizou o atendimento de alguns pedidos para a categoria.
Antes de ler os termos do acordo, Botelho ressaltou que o movimento não teve qualquer orientação política ou partidária. Após a
leitura dos itens, afirmou solenemente: "Declaro encerrada a greve dos caminhoneiros".
Generalidades
Os termos do acordo assinado
entre Botelho, Padilha e Dias foram genéricos na maioria dos
itens.
Os caminhoneiros reivindicavam, por exemplo, a recuperação
das rodovias. Pelo acordo, o governo se compromete a "manter,
de acordo com os recursos disponíveis, os investimentos necessários na conservação, restauração e
sinalização da malha rodoviária
federal".
Os recursos disponíveis no Orçamento da União não são suficientes para a completa recuperação da malha rodoviária. O ajuste
fiscal impôs cortes no orçamento
do Ministério dos Transportes.
No caso da suspensão das tarifas de pedágio, ficam excluídas as
rodovias estaduais, justamente
onde se concentra a maior parte
do movimento dos caminhoneiros.
Os critérios de pesagem dos caminhões nas balanças ainda vai
gerar atrito. Os caminhoneiros
querem que seja considerada a
média de peso total do caminhão,
enquanto o governo quer manter
a fixação de um limite específico
para cada eixo do veículo.
O governo decidiu adiar por algum tempo as discussões sobre o
índice do próximo reajuste de
combustíveis que deve ser anunciado até 25 de agosto. Está certo
que o óleo diesel não terá aumento, o que será compensado por
elevação maior no preço da gasolina (ver texto nesta edição).
"Basta"
Antes do anúncio do fim da greve, o governo endureceu o discurso com os grevistas. Pela manhã,
o presidente Fernando Henrique
Cardoso recebeu sete ministros
para uma reunião sobre o tema
no Palácio da Alvorada.
"Nós temos que dar um basta a
essa situação, que está afetando
gravemente o cotidiano dos brasileiros", afirmou o ministro-chefe
da Secretaria Geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, que
fez um relato das conclusões da
reunião.
Nunes Ferreira prometeu que a
greve seria encerrada ainda ontem e disse que seriam tomadas as
"providências necessárias" para
garantir a livre circulação de pessoas e mercadorias.
Além dele, participaram da reunião no Alvorada Padilha, José
Carlos Dias, Pratini de Moraes
(Agricultura e Abastecimento),
Francisco Dornelles (Trabalho),
Pedro Parente (Casa Civil) e Alberto Cardoso (Casa Militar).
(LUCIO VAZ, RAQUEL ULHÔA, WILSON SILVEIRA e VIVALDO DE SOUSA)
Texto Anterior: Governo cede e põe fim à greve dos caminhoneiros Próximo Texto: Exército estava pronto para entrar em ação Índice
|