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PRIVATIZAÇÃO
Velloso cassa liminares que suspendiam o leilão desde o final de maio; BC espera bater o martelo em dois meses
Supremo desencalha a venda do Banespa
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Carlos Velloso, autorizou ontem a retomada do processo de privatização do Banespa, que estava suspenso por três liminares desde o
final de maio.
Ele acolheu os pedidos do advogado-geral da União, Gilmar
Mendes, de cassação das decisões
judiciais que impediam a venda
do banco. Velloso acolheu argumento do governo sobre a existência de risco de grave lesão à ordem econômica.
A União também sustentou que
o Poder Judiciário não poderia interferir em um programa do governo, aprovado pelo Congresso.
Elas foram concedidas em ações
movidas pelo sindicato dos bancários de São Paulo e por um grupo de procuradores da República
em Brasília. O advogado do sindicato, João Piza Fontes, disse que
recorrerá ao plenário do Supremo.
Novo cronograma
A expectativa do Banco Central,
segundo informou há duas semanas o diretor de Finanças Públicas, Carlos Eduardo de Freitas, é
que o leilão do Banespa pudesse
ocorrer dentro de 60 dias após a
cassação das liminares.
Os pedidos de cassação das liminares foram encaminhados ao
Supremo no final de julho, após
sucessivas derrotas do governo
nas instâncias inferiores.
A apreciação por parte de Carlos Velloso dependia, até a semana passada, de um julgamento do
plenário do tribunal sobre a validade de uma medida provisória
que interferiu nessa batalha judicial.
Velloso pôde decidir a causa
porque o plenário do tribunal
considerou constitucional parte
da medida provisória que instituiu normas sobre a tramitação
de processos e beneficiou a União
na batalha sobre o Banespa.
Uma das normas da MP autorizou o presidente do Supremo a
examinar pedidos de suspensão
de liminares contra o governo
imediatamente após a sua derrota
na segunda instância, exatamente
como nesse caso.
Se essas tivessem sido suspensas
pelo STF, conforme havia pedido
o PT, essa norma que criou um
"atalho" processual teria caído, e
o governo teria que esperar a tramitação normal das ações contra
a venda do Banespa. Nesse caso, a
conclusão da privatização este
ano estaria ameaçada.
"A AGU recebe com grande satisfação o resultado e reafirma
mais uma vez a sua permanente
confiança na Justiça brasileira",
disse Mendes. "Confirmamos as
nossas expectativas e nossas convicções de que não havia nenhuma ilegitimidade no processo de
privatização do Banespa."
O governo havia fracassado nas
tentativas de cassar as três liminares nos tribunais regionais federais, a segunda instância, e no STJ
(Superior Tribunal de Justiça).
Em uma delas, também sofreu
derrota no STF.
Duas liminares foram concedidas pela Justiça Federal em São
Paulo, na ação proposta pelo sindicato dos bancários do Estado.
A outra foi concedida pela Justiça Federal em Brasília na ação
movida por procuradores da República.
Nos três casos, o governo recorreu ao STJ, mas esse tribunal se recusou a apreciar a causa porque
considerou que ela envolve argumentos sobre a violação de normas da Constituição e que, por isso, a decisão deveria ser tomada
pelo presidente do Supremo.
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