São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2000


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CRÉDITO
Só valor cobrado do cheque especial caiu de junho para julho, segundo pesquisa do Banco Central
Bancos continuam subindo as taxas de juros

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos concedidos a pessoas físicas subiram em julho em relação a junho, exceto para o cheque especial.
Os números, apresentados ontem pelo Banco Central, mostram que apesar das quedas consecutivas das taxas básicas de juros promovidas pelo Copom, o consumidor ainda não foi beneficiado na hora de pedir dinheiro emprestado ou de comprar a prazo.
Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, as elevações de taxas não são significativas e não representam uma tendência.
"O mês de julho é um mês mais parado por causa das férias", disse. Apesar das férias, porém, Figueiredo disse que, no caso do cheque especial, está ocorrendo maior concorrência entre os bancos na oferta desse tipo de empréstimo.
"O cheque especial vem sendo usado como instrumento de marketing para a captação de clientes", disse. O diretor lembrou que já existem bancos adotando sistemas que oferecem taxas menores para clientes que usam muito o cheque.
A taxa de juros média anual do cheque especial passou de 162,5% ao ano para 147,5% ao ano. "O cheque especial não é um crédito típico, é de contingência. As pessoas não costumam perguntar de quanto é a taxa de juros do cheque especial quando abrem uma conta", disse.
O diretor do BC explicou ainda que as taxas mais altas para o financiamento de automóveis, por exemplo, podem ser um resultado do alongamento dos prazos de pagamento.
Ao comentar o aumento generalizado da inadimplência de 90 dias nos créditos para as pessoas físicas, Figueiredo disse que esse também pode ser um fator para o aumento das taxas.
Na aquisição de bens (exceto automóveis), por exemplo, os atrasos acima de 90 dias somaram, em julho, 8,39% do total desses empréstimos. Em maio, esse percentual era de 7,29%.
Em relação ao volume de crédito, houve uma queda de 0,2% entre junho e julho, quando o volume passou de R$ 127,990 bilhões para R$ 127,719 bilhões. O maior percentual de aumento no volume de crédito foi registrado para as operações de aquisição de bens.
Figueiredo ressaltou ainda a queda de 2,2 pontos percentuais no spread (prêmio de risco) cobrado pelos bancos em suas operações de crédito para empresas. "A queda é bastante expressiva", disse.
O diretor justificou o nível ainda elevado das taxas de juros cobradas pelos bancos pela perda de receita com a remuneração de suas carteiras de títulos. "Os bancos perderam com a queda da taxa real de juros (acima da inflação). Uma taxa de 10% (ao ano) não torna rentável o balanço das instituições", disse.


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