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BC utiliza cálculo de PIB inflado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um ano e meio antes do planejado pelo governo, a dívida da
União, dos Estados, dos municípios e das empresas estatais atingiu 46,5% do PIB, segundo o Banco Central. A queda do endividamento é relevante porque todo o
esforço fiscal feito pelo governo
desde fins de 98 visa a estabilizar
nesse percentual a chamada dívida líquida do setor público.
Os investidores acompanham
de perto esse indicador para checar se a dívida do setor público é
explosiva e para avaliar se os governos terão capacidade para
honrar seus compromissos.
Mas boa parte da melhora desse
indicador ocorreu porque o BC
usa um PIB inflado nas suas estatísticas. Também houve peso favorável da queda da cotação do
dólar e de bons resultados fiscais.
O indicador de endividamento
deve piorar até o próximo mês,
quando o IBGE divulgará o valor
oficial do PIB de 99. O PIB tende a
cair, elevando a dívida líquida do
setor público em cerca de um
ponto percentual. Enquanto não
sai o PIB oficial, o BC faz seus próprios cálculos para estimá-lo.
As projeções da instituição são
exageradas, pois usam o IGP-DI,
índice que é alto porque incorpora uma série de distorções provocadas pela desvalorização do real.
O PIB oficial será inferior ao calculado pelo BC porque o índice de
inflação usado pelo IBGE é bem
menor. A revisão do PIB de 99
não encerra as distorções das estatísticas do endividamento, pois
o BC continua a usar o IGP-DI para calcular esse indicador em
2000. Para se ter uma idéia dos
efeitos do PIB na conta, toda a
queda do endividamento registrada em junho se deve a isso.
Quando medido em reais, o endividamento subiu R$ 1,245 bilhão entre maio e junho, passando de R$ 541,081 bilhões para R$
542,326 bilhões. Mas na relação
entre dívida pública e PIB houve
queda de 47,3% para 46,5% no
período. A redução no endividamento se deve à alta de 1,88% no
PIB entre maio e junho. Em apenas um mês, o PIB passou de R$
1,144 trilhão para R$ 1,166 trilhão.
O PIB vem sendo um fator importante para a queda do endividamento, mas, mesmo sem esse
fator, o desempenho é mais favorável que o esperado pelo acordo
com o FMI. A dívida em reais é R$
5,339 bilhões mais baixa que a
projetada para junho passado. O
acordo com o FMI previa que o
endividamento chegasse a 51,9%
do PIB, mais de cinco pontos percentuais acima dos 46,5% do PIB
registrados em maio.
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