São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2000


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BC utiliza cálculo de PIB inflado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um ano e meio antes do planejado pelo governo, a dívida da União, dos Estados, dos municípios e das empresas estatais atingiu 46,5% do PIB, segundo o Banco Central. A queda do endividamento é relevante porque todo o esforço fiscal feito pelo governo desde fins de 98 visa a estabilizar nesse percentual a chamada dívida líquida do setor público.
Os investidores acompanham de perto esse indicador para checar se a dívida do setor público é explosiva e para avaliar se os governos terão capacidade para honrar seus compromissos.
Mas boa parte da melhora desse indicador ocorreu porque o BC usa um PIB inflado nas suas estatísticas. Também houve peso favorável da queda da cotação do dólar e de bons resultados fiscais. O indicador de endividamento deve piorar até o próximo mês, quando o IBGE divulgará o valor oficial do PIB de 99. O PIB tende a cair, elevando a dívida líquida do setor público em cerca de um ponto percentual. Enquanto não sai o PIB oficial, o BC faz seus próprios cálculos para estimá-lo.
As projeções da instituição são exageradas, pois usam o IGP-DI, índice que é alto porque incorpora uma série de distorções provocadas pela desvalorização do real. O PIB oficial será inferior ao calculado pelo BC porque o índice de inflação usado pelo IBGE é bem menor. A revisão do PIB de 99 não encerra as distorções das estatísticas do endividamento, pois o BC continua a usar o IGP-DI para calcular esse indicador em 2000. Para se ter uma idéia dos efeitos do PIB na conta, toda a queda do endividamento registrada em junho se deve a isso.
Quando medido em reais, o endividamento subiu R$ 1,245 bilhão entre maio e junho, passando de R$ 541,081 bilhões para R$ 542,326 bilhões. Mas na relação entre dívida pública e PIB houve queda de 47,3% para 46,5% no período. A redução no endividamento se deve à alta de 1,88% no PIB entre maio e junho. Em apenas um mês, o PIB passou de R$ 1,144 trilhão para R$ 1,166 trilhão.
O PIB vem sendo um fator importante para a queda do endividamento, mas, mesmo sem esse fator, o desempenho é mais favorável que o esperado pelo acordo com o FMI. A dívida em reais é R$ 5,339 bilhões mais baixa que a projetada para junho passado. O acordo com o FMI previa que o endividamento chegasse a 51,9% do PIB, mais de cinco pontos percentuais acima dos 46,5% do PIB registrados em maio.


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