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CONTAS
União, Estados, municípios e estatais economizam R$ 23,7 bi no 1º semestre
Governo cumpre meta do FMI com folga de R$ 7,53 bi
ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo cumpriu com uma
folga de R$ 7,539 bilhões a principal meta fiscal imposta pelo acordo com o FMI (Fundo Monetário
Internacional) para o primeiro semestre deste ano.
A União, os Estados, os municípios e as empresas estatais economizaram R$ 23,714 bilhões em
seus orçamentos para o pagamento de juros da dívida pública,
enquanto o acordo com o FMI determinava uma poupança de R$
16,175 bilhões no período.
O desempenho no primeiro semestre é exemplar, mas os dados
divulgados ontem pelo Banco
Central indicam que o ajuste fiscal
começa a perder parte de sua força, conforme já era esperado pelo
governo e pelo mercado.
Em junho, a economia para o
pagamentos de juros -tecnicamente conhecida como superávit
primário- foi de apenas R$ 1,788
bilhão, o menor resultado registrado neste ano.
Um dos principais fatores que
explicam o desempenho mais fraco em junho é um déficit de R$
396 milhões registrado pelas estatais federais -o primeiro ocorrido desde o ano passado.
Em junho, a Petrobras realizou
investimentos da ordem de R$
400 milhões, e a Eletrobrás distribuiu R$ 500 milhões sob a forma
de dividendos.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, já
adiantou que espera um resultado
primário ainda menor em julho,
conforme sinalizado por números parciais apurados pelo Tesouro Nacional.
Apenas em agosto é previsto
um superávit primário mais expressivo, graças ao recebimento
pelo governo de R$ 3,2 bilhões referentes a parcela da privatização
da Telebrás.
A próxima meta fiscal prevista
no acordo é um superávit primário de R$ 29 bilhões em setembro
próximo. Para cumpri-la, o governo deverá usar pelo menos
parte da folga de R$ 7,539 bilhões
acumulada no primeiro semestre.
Resultado nominal
A União, os Estados, os municípios e as empresas estatais registraram um déficit nominal (gastos dos governos acima das receitas, incluindo pagamento de juros) de 3,9% do PIB (Produto Interno Bruto) nos 12 meses encerrados em junho.
Esse resultado é importante
porque representa o menor déficit desde que o BC começou a calcular a atual série estatística, em
1991. Mas o valor continua alto
para os padrões internacionais. O
Tratado de Maastricht (92) fixa
um déficit nominal máximo de
3% do PIB para admitir membros
na União Européia.
O alto déficit nominal é explicado pelos gastos com juros da dívida pública. Essa despesa consumiu R$ 81,854 bilhões nos 12 meses encerrados em junho passado.
Os encargos da dívida pública
são altos em decorrência principalmente da política de juros altos
mantida pelo BC para controlar a
inflação. Os juros permaneceram
estáveis em cerca de 19% durante
quase um ano e só voltaram a cair
de forma significativa em fins de
junho passado. Mas, mesmo após
cortes agressivos, a taxa de 16,5%
anuais vigente ainda é alta para os
padrões internacionais.
Embora não seja uma das metas
do acordo com o FMI, o déficit
nominal é considerado o mais importante indicador das contas públicas de um país. Sempre que
gasta acima de suas receitas, o governo está tomando empréstimos
no mercado para honrar seus
compromissos.
Déficits nominais muito altos
tendem a tornar a dívida pública
insustentável e a afastar os investidores que hoje aceitam financiar
os gastos dos governos.
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