São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2000


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Crise faz gaúchos acusarem MS

CELSO BEJARANO JR.
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A crise política entre o governo gaúcho e o Ministério da Agricultura devido à descoberta de focos de febre aftosa no Estado se alastrou e envolveu um aliado dos gaúchos, o também petista governo do Mato Grosso do Sul.
No fim-de-semana passado, o secretário José Hermeto Hoffman (Agricultura-RS) afirmou que o foco de aftosa detectado na região de Jóia (RS) pode ter sido provocado por bovinos de Mato Grosso do Sul.
Hoffman afirmou que o vírus da doença que contaminou o gado gaúcho poderia ter entrado no Estado por meio de um carregamento de carne com osso de Mato Grosso do Sul.
A declaração repercutiu mal junto ao Estado aliado.
O secretário de Produção e Desenvolvimento Sustentável de Mato Grosso do Sul, Márcio Portocarrero, considerou a declaração "leviana" e disse que o secretário gaúcho era ""um desinformado".
Antes, o governo gaúcho já havia criticado o governo federal pelas insinuações de despreparo, feitas pelo ministro Pratini de Moraes (Agricultura).
De acordo com Portocarrero, o Ministério da Agricultura suspendeu a comercialização de carne com osso para outros Estados desde 1998, quando foram verificados focos da doença nos municípios de Naviraí (MS) e Porto Murtinho (MS).
Naquela época, pelo menos 4.000 animais foram sacrificados.
"Não há como o rebanho gaúcho ser contaminado pela carne de Mato Grosso do Sul, porque o trabalho de vigilância, sorologia e o simples fato do Rio Grande do Sul não receber cortes de carne procedente do Estado torna essa possibilidade impossível."
Diante da declaração do secretário gaúcho, Portocarrero determinou o retornou imediato dos três técnicos de Mato Grosso do Sul especializados no combate à febre aftosa que auxiliam as autoridades sanitárias na região de Jóia.
A pedido do Ministério da Agricultura, os técnicos acabaram ficando na cidade gaúcha.
Portocarrero disse que Hoffman apresentou ontem, em carta ao Ministério da Agricultura em Brasília, um elenco de possibilidades para o contágio. E, neste documento, isentou o rebanho sul-matogrossense de culpa.
Segundo Portocarrero, Hoffman teria pedido desculpas e dito que havia sido interpretado de forma ""equívoca".
O rebanho de Mato Grosso do Sul, o maior do país, com 23 milhões de cabeças, passa por um período de inquérito soroepidemiológico, teste que pode credenciar o Estado a conquistar o mercado internacional.


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