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RECEITA ORTODOXA
União, Estados, municípios e estatais deviam R$ 877 bi em julho
Dívida do governo atinge o maior nível desde outubro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os gastos com juros e a queda
da inflação fizeram a dívida pública atingir, no mês passado, o nível
mais elevado desde outubro de
2002, segundo o Banco Central. O
endividamento da União, Estados, municípios e estatais atingiu
R$ 877,157 bilhões, valor equivalente a 57% do PIB (Produto Interno Bruto).
A comparação entre a dívida e o
total de riquezas produzidas pelo
país é uma das maneiras mais
usadas por analistas para verificar
a capacidade de o governo continuar honrando seus compromissos. Quanto maior a proporção,
maiores as dúvidas em relação à
solvência do setor público.
No final do ano passado, pouco
antes da posse do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a relação entre dívida e PIB estava em 56,5%.
De lá para cá, a variação do dólar,
os gastos com juros e a queda da
inflação foram os fatores que mais
influenciaram no endividamento
do governo.
Entre janeiro e julho, o setor público gastou R$ 89,257 bilhões
com juros. Porém o dinheiro economizado no período (o chamado superávit primário) ficou em
R$ 44,329 bilhões -menos da
metade do total gasto com os juros, portanto. A diferença foi financiada por meio de novos empréstimos, que aumentaram a
proporção entre dívida e PIB em
2,92 pontos percentuais.
Positivo e negativo
O movimento do câmbio, por
sua vez, teve impacto positivo sobre a dívida. Depois da disparada
ocorrida no ano passado, o recuo
observado nos últimos meses colaborou para reduzir a relação entre dívida e PIB em 3,71 pontos.
Já a inflação puxou essa relação
para cima, devido a um efeito estatístico decorrente da maneira
usada pelo Banco Central para
calcular seus dados. No Brasil, o
órgão responsável pelo cálculo do
PIB é o IBGE, que o faz a cada três
meses.
Como os números da dívida são
divulgados mensalmente, o Banco Central faz algumas estimativas com base nos dados do IBGE.
Nessas estimativas, os valores oficiais do PIB são corrigidos pelo
IGP-DI (Índice Geral de Preços
-Disponibilidade Interna).
Entre janeiro e julho, o IGP-DI
registrou alta de apenas 4,31%.
Em 2002, o índice subiu 26,41%. O
resultado é que, com a queda da
inflação, o PIB usado pelo Banco
Central também encolheu, de R$
1,559 trilhão em dezembro do ano
passado para R$ 1,539 trilhão no
mês passado.
Com um PIB menor, a relação
entre dívida e PIB sobe, mesmo
que a dívida não cresça muito.
Entre janeiro e julho, a queda da
inflação resultou no aumento de
0,73 ponto percentual na proporção, de acordo com estimativa do
Banco Central.
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